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Dança ganha mais espaço nas academias, melhora condicionamento físico e diverte

Além de mexer com o psicológico, a dança melhora o condicionamento físico e contribui com a hipertrofia, isto é, para o ganho de massa magra


Por Folhapress Publicado 15/03/2020

Dançar faz bem ao corpo e à mente. Essa é a opinião dos especialistas ouvidos pela reportagem que alertam para os benefícios das coreografias para o bem-estar geral. Nessa tendência, as academias têm cada vez mais colocado a modalidade em sua programação. Além de mexer com o psicológico, a dança melhora o condicionamento físico e contribui com a hipertrofia, isto é, para o ganho de massa magra.

É o que acontece com a modelo, bailarina e atriz Carol Cerqueira, 25. Há um mês, a baiana começou a fazer dança de três a quatro vezes por semana em uma unidade da BodyTech, em São Paulo. E até agora não tem do que se queixar.

“Eu amo o que essa arte faz. Há vários tipos de dança na academia, como aerojazz, balé clássico, fit dance. São movimentos do corpo que eu amo e que me ajudam na definição muscular e na memória”, diz Cerqueira, que diz ter sentido melhoras no desempenho, na respiração e na coordenação motora.

A arquiteta Raquel Cotrim, 44, pratica zumba há quatro anos na unidade Morumbi da BodyTech. Para ela, não há nada melhor para a sua saúde e bem-estar do que dançar. “É a terapia mais barata que já paguei. E para o corpo dá um tônus muscular interessante, ajuda na parte cardiovascular. Você sai da academia pingando e, por isso, é ótimo.”

Raquel diz que dança desde pequena, o que fez com que se enturmasse e criasse um novo grupo de amigos. As aulas das quais participa têm em média 30 pessoas. E a paixão foi passada de mãe para filha. “A minha mais velha, de 19 anos, fazia, mas teve de parar por causa da faculdade”, explica.

Alcione Calcagnetta, profissional de educação física da rede Just Fit academias, afirma que as aulas duram 30 minutos, com músicas de ritmos variados -entre eles latinas, funk, axé, pop e samba. Ela diz que os passos são fáceis e os movimentos, repetitivos, para facilitar o acompanhamento.

“É para todos os públicos, homens, mulheres e terceira idade. A dança hoje é uma das atividades mais recomendadas pelos médicos. Ela proporciona mais flexibilidade, melhora o condicionamento aeróbio, aprimora a coordenação motora e contribui para a perda de peso. É possível ter hipertrofia, sim. As aulas são alegres e muito divertidas, além de auxiliar no ganho de músculos, pois há queima de 700 a 1.000 calorias. Não tem quem não interaja”, diz Calcagnett.

DANÇA E MUSCULAÇÃO
Aliar a dança com a musculação é uma estratégia boa para evoluir nos passos. É o que diz o profissional de educação física Rubens Murgia Filho, da da Planet Sport. “Pode e deve [alias ambos]. São inúmeros benefícios. A prática da dança associada ao treinamento com pesos, com intuito de fortalecer o sistema muscular, vai otimizar os benefícios físicos e prevenir futuras lesões.”

Murgia Filho reforça que a dança pode, sim, ser considerada um exercício físico, uma vez que a definição da coreografia consiste em uma sequência sistematizada de movimentos executados de maneira planejada e com um objetivo específico. “A dança, sobretudo, desenvolverá e aprimorará o nosso sistema cardiorrespiratório, isto é, a capacidade do nosso corpo, coração e pulmões, de absorver, transportar e utilizar o oxigênio.”

Eterna Garota de Ipanema, a ex-modelo Helô Pinheiro, 74, não perde um dia de suas aulas de dança. É desse jeito, com a musculação, que ela diz que mantém a forma. “A musculação que me dá o tônus muscular para poder pular e fazer a coreografia, porque senão fica pesado.”

“Esse combo de musculação, alimentação e dança é o segredo da minha beleza. Me perguntam como posso estar com esse corpo. Explico que uma parte vem da genética, sim. Mas logicamente que se você se acomoda, não faz nada e come do jeito que eu como, virará uma bolinha”, se diverte Helô, ao ressaltar que sentiu melhoras significativas na memória, já que precisa decorar os passos.

Professora de educação física e de dança há 14 anos, Jacqueline Ruscitto desenvolveu a sua versão de uma modalidade que mistura passos de balé com pilates e exercícios funcionais. “Tudo isso em coreografias possíveis de serem feitas, mesmo para quem não sabe dançar, ao ritmo de uma música bem atual e animada.”

“Os benefícios são o aumento do tônus e da força muscular, melhora na flexibilidade e na postura, alto gasto calórico numa mistura de exercícios de força e aeróbicos de baixo impacto”, completa a professora da academia Barre Fit.

EMAGRECIMENTO E DIVERSÃO
A administradora de empresas Isabela Rossetti, 51, dança há quatro anos na unidade Morumbi da Bodyech. Ela diz que era totalmente sedentária e que hoje se surpreende com a própria disposição. “Entrei na dança após assistir a uma apresentação e fiquei apaixonada. Não fazia nada. Agora estou bem com meu corpo. Fazendo zumba minha saúde melhorou 100%”, diz Rossetti, que conta ter perdido sete quilos.

“Há quatro anos eu jamais sairia de casa. Para mim é motivador, acabou o sedentarismo, o cansaço, parte do meu metabolismo mudou completamente, alimentação, tudo. Sem contar as amizades que fiz num ambiente bem saudável e familiar”, completa.

Quem também se encontrou na dança é o mestre de capoeira Francisco Levino, 61, que se especializou em dança de rua. Morando na Itália há 28 anos, ele passou as férias no Brasil e aproveitou para se matricular na unidade Paulista da Smart Fit.

“Danço desde pequeno e a dança me deixa feliz, porque transmite amor e faz bem para todo mundo. A satisfação de dançar é muito boa, mas a satisfação maior é ensinar as pessoas a terem ritmo”, afirma Levino, que estuda danças latinas e brasileiras. “Procuro aprender novos passos na academia e ser humilde para fazer novas amizades.”

BENEFÍCIOS
Fernando Gomes, médico neurocirurgião e neurocientista do Hospital das Clínicas de SP, afirma que a dança estimula funções cerebrais já que associa a entrada e a saída de informações do cérebro. Ele explica que há ritmos específicos que mexem com dispositivos do cérebro.

“Músicas ricas em percussão excitam mais as habilidades motoras. Um exemplo são as músicas da capoeira com atabaque ou até mesmo o samba. As mais ricas em instrumentos de corda, como as com violino, podem provocar emoções mais sublimes como a sensação de amor, beleza e harmonia.”

Em pessoas da terceira idade, as memórias musicais são as mais arraigadas e resistentes ao envelhecimento e às doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer. “Os benefícios cognitivos podem ser mais potencializados porque como o indivíduo já tem mais anos de vida, ele tem potencial de possuir um arsenal maior de memórias e sensações armazenadas atreladas às experiências musicais.”

O psicólogo e psicanalista Ronaldo Coelho alerta que mais do que uma atividade física a dança é uma atividade social. “Do ponto de vista físico, funciona como um exercício de intensidade leve à moderada, a depender da idade da pessoa e do ritmo.”

“Como atividade social, a dança pode proporcionar benefícios ainda maiores para a vida. Uma vez que a pessoa participa de um grupo que está aprendendo algo, normalmente numa academia, isso já confere a ela um lugar social onde pode se reconhecer”, completa.

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