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Por dentro da Cripta da Sé, ao som da música

Série de concertos acontecem a partir deste sábado (6) em comemoração aos 100 anos da Cripta, salão 7 metros abaixo do altar-mor


Por Estadão Conteúdo Publicado 06/07/2019
Divulgação/Prefeitura de São Paulo

Sexta-feira (5) de manhã, um garoto entrou na Catedral da Sé e, em vez de rezar, tocou Asa Branca no violão. O pai estava do lado e não aplaudiu: tinha as mãos ocupadas na teorba, um instrumento raro, criado no século 16, que lembra um bandolim comprido e com muito mais cordas.

Na verdade, pai e filho faziam a passagem de som para uma série de concertos que, a partir deste sábado (6), acontece em comemoração aos 100 anos da Cripta, salão 7 metros abaixo do altar-mor. Lá, descansam restos mortais de bispos, arcebispos e outras figuras históricas de São Paulo.

Com acesso restrito, a Cripta é mais antiga do que a própria Catedral, inaugurada só em 1954. Normalmente, o espaço só recebe visitações guiadas (R$ 7), mas para celebrar o centenário será aberto às 16 horas dos sábados, com apresentações gratuitas de música clássica a MPB. A programação está prevista até março de 2020.

Cura da Catedral, o padre Luiz Baronto afirma que o objetivo é “estabelecer diálogo com a sociedade”. “Como foi a primeira parte da Igreja a ficar pronta, a Cripta tem uma relação mais antiga com a cidade. Ela guarda um pouco da história do Brasil e de São Paulo.”

Construído com arcos de tijolos e piso de pedra vulcânica e mármore, o espaço já chegou a abrigar o corpo de Santos Dumont (1873-1932), antes de ele ser enterrado no Rio. Hoje, tem 18 das 32 câmaras mortuárias ocupadas – a mais recente é do cardeal d. Paulo Evaristo Arns, símbolo de resistência à ditadura militar, que morreu em 2016.

Também está sepultado lá o Cacique Tibiriçá (1470-1562), primeira pessoa a ser registrada como paulistana. A Cripta abriga, ainda, Bartolomeu Lourenço de Gusmão (1685-1724), o “padre voador”, considerado precursor da navegação aérea, além do regente Diogo Antônio Feijó (1784-1843), o primeiro líder político a ser eleito no País, durante o Império.

“Entendemos que a Catedral tem o papel de promover cultura, guardando o devido respeito ao espaço sagrado”, afirma Baronto. “Naturalmente, o evento deve atrair pessoas que não virão por questão de fé, mas arte e cultura também são instrumentos que levam a Deus.”

História

Cerca de 30 concertos estão previstos na Cripta e em outros cinco locais da Catedral, incluindo a nave central e o salão do piano. A lotação varia entre 80 e 120 pessoas e os ingresso devem ser retirados com até uma hora de antecedência.

Para o diretor-geral do projeto, Camilo Cassoli, a história do local anda lado a lado com a da cidade. “A inauguração da Cripta coincide com São Paulo deixando de ser uma cidade de médio porte para se tornar uma metrópole”, diz. “Em fotos, conseguimos ver que a própria construção foi feita por imigrantes.”

Por isso, os concertos têm foco na relação da Catedral com a Praça da Sé, marco zero de São Paulo. Os temas vão tratar de quando a região era só Mata Atlântica, falar do período do café, descrever a chegada do Metrô e até das últimas ondas migratórias, com refugiados do Haiti e da Síria. “A Praça é o retrato de como a cidade vai mudando. Uma história que vivemos agora e também podemos influenciar.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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