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‘Não fez diferença, a não ser nos agredir’, diz Zelia Duncan sobre Regina Duarte

Há menos de três meses no comando da Cultura, Regina Duarte, que rompeu um contrato de 50 anos com a Globo para fazer parte da gestão de Bolsonaro, assumirá agora a Cinemateca Brasileira, em São Paulo


Por Folhapress Publicado 20/05/2020
Foto: Palácio do Planalto/ Divulgação

Regina Duarte não é mais a secretária especial da Cultura do governo Jair Bolsonaro. A saída, anunciada pelo presidente na manhã desta quarta-feira (20), já está reverberando entre a classe artística.

Na opinião da cantora Zélia Duncan, Regina Duarte manchou sua reputação com a participação no governo. “Perto da desgraça que a gente está vivendo -de 1.170 mortos num dia só- praticamente não significa nada. Ela não fez nenhuma diferença, a não ser nos agredir, tentar nos ofender e jogar contra a classe artística, de acordo com o governo do qual ela participa.”

Duncan ainda diz que talvez “a maior prova da falta de amor dela pela nossa profissão seja a facilidade com que ela jogou na lama sua biografia”.
Nasi, vocalista da banda de rock Ira!, lembra Sérgio Camargo, o presidente da Fundação Palmares, que no último 13 de maio, ​Dia da Abolição da Escra​vatura, publicou textos em que Zumbi dos Palmares é descrito como um mito fabricado por grupos de esquerda para se encaixar “na mitologia da luta de classes do negro contra o branco opressor”.

“No dia recolocado da Consciência Negra mais um capítulo do nosso ‘white trash’ tupiniquim”, diz o músico, se referindo ao ator Mário Frias, cotado para assumir a pasta no lugar de Regina Duarte. “E o pior é que vamos entrar numa ‘Frias’ maior ainda.”
Ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero afirmou em vídeo que Regina “não deixa qualquer tipo de legado”. “Pelo contrário, ela deixa um rastro de violência, de agressão, uma total disfuncionalidade e falta de planejamento -o que seria especialmente importante nesse momento de pandemia.”
No Twitter, Antonio Tabet, ator do Porta dos Fundos, disse que a atuação à frente da Cultura foi “o pior papel da vida de Regina Duarte”. “E olha que de pior papel ela entende.”

Há menos de três meses no comando da Cultura, Regina Duarte, que rompeu um contrato de 50 anos com a Globo para fazer parte da gestão de Bolsonaro, assumirá agora a Cinemateca Brasileira, em São Paulo.
O cineasta Cacá Diegues, que foi conselheiro da Cinemateca até 2013, se surpreendeu com a ida da atriz para a direção do maior acervo da história do cinema brasileiro. “Não posso fazer nenhum julgamento pessoal da Regina Duarte, porque não a conheço pessoalmente. Nunca fiz filme com ela, nunca tive papo social com ela. Nunca tive nenhum contato.”
“Pelo que aconteceu na Secretaria da Cultura, pela dificuldade dela em fazer alguma coisa. Não aconteceu nada, rigorosamente nada nesses quatro meses, a não ser essas coisas controversas de entrevistas. Aquela entrevista na CNN é um horror”, critica Diegues.

O diretor de “Bye Bye Brasil” tem dúvidas sobre os projetos da atriz para a instituição em São Paulo. “O que ela pretende fazer na Cinemateca? Qual é o projeto dela? Qual é o papel dela? A Cinemateca é uma coisa importantíssima no Brasil. A Cinemateca Brasileira já foi um centro de atenção no mundo todo. Antes de comentar, eu queria saber qual é o projeto dela pra Cinemateca, se ela tem algum projeto. Creio que não, porque ela não teve nenhum projeto pro cinema na secretaria.”
O produtor e fotógrafo Luiz Carlos Barreto, um dos líderes do cinema novo, não vê aspectos positivos na nomeação de Regina Duarte. “Eu acho que ela foi designada para encerrar a vida da Cinemateca. Ou seja, pra fechar as portas, porque ela é especialista em ser nomeada para situações de crise.
“Em vez de resolver, ela só agrava a crise. Então, vamos nos preparar pro fim da Cinemateca, dessa Cinemateca que tem uma importância enorme pro cinema brasileiro e até pro cinema mundial. É um dos acervos melhores do cinema. Ela é comparável ao acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York, comparável à Cinemateca de Paris”, diz Barreto.


O produtor acredita que um retorno à carreira de atriz seria um desfecho mais feliz. “Mais uma vez ela aceita um cargo para o qual ela não é qualificada. Não tem a menor ligação com a história do cinema. Não sabe nem quem dirigiu ‘O Encouraçado Potemkin’. Mais uma vez, ela irresponsavelmente aceita. Ela deveria cuidar da carreira dela como atriz.”

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