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CFM chama governadores de traidores por quererem médicos do estrangeiro na Covid-19

Segundo o presidente da entidade, hoje existem 54 mil acadêmicos de medicina e 3 mil residentes cadastrados que se voluntariaram para prestar atendimento sob supervisão durante a pandemia


Por Folhapress Publicado 01/05/2020

O presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina), Mauro Ribeiro, publicou vídeo no qual chama de “atitude covarde” a solicitação de governadores do Nordeste para que o governo federal autorize a atuação de médicos brasileiros formados no exterior, mesmo sem diplomas revalidados no país, no combate à Covid-19.

O pedido foi encaminhado pelos governadores da região no mês de abril.
“Vejo essa situação como uma situação de traição desses governadores, com argumentos falaciosos, com argumentos mentirosos, se aproveitando do momento de maior ameaça da história da nossa sociedade em relação a uma doença terrível, altamente transmissível, e de uma letalidade muito rápida para aprovarem algo totalmente desprezível”, afirma Mauro Ribeiro.

Segundo o presidente da entidade, hoje existem 54 mil acadêmicos de medicina e 3 mil residentes cadastrados que se voluntariaram para prestar atendimento sob supervisão durante a pandemia. Por isso, afirma, não há necessidade de buscar esses brasileiros no exterior sem que eles mostrem nenhum tipo de conhecimento médico.

Ribeiro ainda afirma que existem boas faculdades em países vizinhos como Paraguai e Bolívia, mas que há faculdades em Pedro Juan Caballeiro, na fronteira com o Mato Grosso do Sul, e em Ciudad del Leste, na fronteira de Foz do Iguaçu, que são de péssima qualidade.

“Não existe a menor condição de um processo de ensino e aprendizagem na complexidade que exige a medicina”, diz. “São graduandos formados para exportação no Brasil.”

O presidente do CFM também acusa o consórcio de governadores de se valer de argumentação mentirosa para “criar um casuísmo” e amparar “pessoas incompetentes que não conseguem passar no Revalida [exame nacional exigido para que possam exercer a profissão no Brasil]”. E também diz que o CFM “não tem nenhum sentimento xenofóbico em relação a esses brasileiros”.

“O que esses governadores tinham que fazer, ao invés de ficar fazendo política barata, baseada em argumentos mentirosos, era garantir para os médicos, para os enfermeiros, para os técnicos de enfermagem, para os fisioterapeutas, para o pessoal da limpeza, para todos que nesse momento estão nos hospitais enfrentando essa pandemia, garantir EPIs que deem o mínimo de segurança para que esses profissionais possam atuar”, diz.

Hospitais públicos já enfrentam dificuldades para contratar profissionais de saúde para trabalhar em UTIs destinadas a pacientes com Covid-19. Faltam médicos, fisioterapeutas e técnicos de enfermagem para a missão.

No Hospital das Clínicas de São Paulo, anestesistas estão sendo treinados para o trabalho de intensivistas.

A situação se repete em outras regiões. “É um gargalo nacional”, disse o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB-MA). “Daí nossa proposta ao ministro da Saúde: trazer estrangeiros e abrir o Revalida [exame para médicos trabalharem no Brasil] especial para brasileiros formados no exterior”, afirmou à reportagem.

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