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Não é nada pessoal, é a realidade, diz Bolsonaro após ataque a Doria

Presidente Jair Bolsonaro (PSL) tentou amenizar nesta sexta-feira (30) o tom de suas críticas ao governador de São Paulo


Por Folhapress Publicado 30/08/2019

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) tentou amenizar nesta sexta-feira (30) o tom de suas críticas ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), pela compra de um jatinho com juros subsidiados do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) durante os governos federais do PT.

Em entrevista, ele disse que sua posição em relação ao negócio feito pelo tucano “não é nada pessoal”. “Não estou atacando em hipótese alguma o João Doria, estou mostrando a realidade.”

Bolsonaro, no entanto, procurou novamente vincular Doria às gestões petistas. O tucano é potencial adversário dele nas eleições de 2022. O tucano tem feito uma série de críticas indiretas à atuação do presidente.

“No passado, quem era amigo do PT tinha facilidade no governo. Não foi ilegal a compra do jatinho dele, por R$ 40 milhões. Imoral é a taxa de juros, porque, com todo o respeito, se você precisasse fazer a mesma coisa, não ia conseguir. Não era amigo do rei”, comentou.

Um dia antes, Bolsonaro havia dito em vídeo que Doria havia “mamado nas tetas do BNDES”, em referência à compra de jatinho a juros subsidiados do BNDES.

Doria reagiu nesta sexta, na Alemanha. “Nunca precisei mamar em teta nenhuma”, disse o governador tucano. “Não vou entrar nessa polêmica”, afirmou.

“Essa informação já era pública. Já tínhamos comprado, assim como o Luciano Huck, e não tinha nenhuma caixa preta”, disse Doria, citando o apresentador de TV, que também é visto como possível candidato nas próximas eleições presidenciais.

Doria também reagiu à declaração de Bolsonaro de que é “amigão do Lula, da Dilma”. “Quero Lula e Dilma distantes, se possível do Brasil, até. Que fiquem onde estão, Lula na prisão e Dilma no ostracismo.”

Questionado sobre se Bolsonaro estaria antecipando a campanha presidencial de 2022, o governador disse que “não é hora de antecipar a campanha. Continuo focado na administração de São Paulo”.

Segundo Doria, o presidente não deve ter tido a intenção de atacá-lo, porque o caso da compra dos jatos “não tem problema nenhum”. “Não devolvo a ofensa nem vou entrar dentro dessa linha de confronto.”

O BNDES divulgou neste mês uma lista com 134 contratos de financiamento de jatos executivos da Embraer a juros subsidiados, no valor total de R$ 1,9 bilhão.

A empresa Doria Administração de Bens, do governador paulista, é uma das citadas, com um empréstimo de R$ 44 milhões. Segundo o governador, o financiamento é normal como parte de uma competição internacional e garante empregos e investimentos no Brasil.

Já Huck pegou R$ 17,7 milhões com o BNDES por meio do Finame (Financiamento de Máquinas e Equipamentos). O empréstimo se deu em 2013 por meio da empresa Brisair, da qual é sócio junto com sua mulher, Angélica Huck.

Huck disse, em texto enviado à coluna da Mônica Bergamo na semana passada, que o empréstimo que fez junto ao BNDES para comprar um avião foi “transparente, pago até o fim, sem atraso”.

Não há indícios de ilegalidades nos empréstimos, o que Bolsonaro reconheceu no vídeo.

PONTOS DE DISTANCIAMENTO ENTRE DORIA E BOLSONARO

CORRUPÇÃO
Governador não mantém na equipe membros importantes com acusações de irregularidades, mesmo sem provas. Caíram assim Gilberto Kassab (Casa Civil), antes de assumir, e Aloysio Nunes (InvestSP). Enquanto isso, o ministro do Turismo, implicado no laranjal do PSL, segue no cargo

GP BRASIL
O presidente faz campanha aberta para tirar o GP Brasil de Fórmula-1 de São Paulo para o Rio, embora haja impedimentos técnicos. Doria rejeita a ideia e diz que vai brigar para que a prova siga em Interlagos

DITADURA
Bolsonaro sugeriu que o pai do presidente da OAB não desapareceu na ditadura, e sim foi morto por colegas de luta armada. Ele o fez sem provas e sofreu críticas. Já Doria reagiu e criticou o presidente, até porque teve o pai cassado pelo regime de 1964

MORO
Desde que Sergio Moro entrou na linha de tiro pelo caso The Intercept, Doria vem distribuindo afagos ao ex-juiz. Já Bolsonaro tem subido a temperatura da fritura do seu ministro, a ponto de aliados do governador defenderem convidá-lo para integrar seu governo.
NEPOTISMO
O tucano disse que não nomearia parente para cargo público, ao comentar a indicação de Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, para ocupar a embaixada do Brasil em Washington

EXTREMISMO
Em entrevista na China, Doria defendeu a moderação e o centrismo na política como um desejo da sociedade, e disse esperar que Bolsonaro retomasse o caminho do diálogo após uma série de declarações e acenos à fatia mais radical de sua base eleitoral

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