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Decisão sobre saída de diplomatas é ‘sem precedentes’, diz ex-embaixador

Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil na Inglaterra e nos Estados Unidos, afirmou que, em seus mais de 40 anos de carreira diplomática, nunca viu o País retirar coletivamente todo os seus diplomatas de uma nação


Por Estadão Conteúdo Publicado 06/03/2020
Foto: Julia Moraes/Fiesp

Ao comentar a saída dos diplomatas brasileiros da Venezuela, nesta entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil na Inglaterra (1994-1999) e nos Estados Unidos (1999-2004), afirmou que, em seus mais de 40 anos de carreira diplomática, nunca viu o País retirar coletivamente todo os seus diplomatas de uma nação. “É uma decisão sem precedentes”, disse ele. Para o ex-embaixador, o importante é saber como ficará a situação dos brasileiros no país vizinho. Leia a entrevista na íntegra.

Como o senhor vê a decisão do governo brasileiro de retirar diplomatas e funcionários da Venezuela?

Eu não me lembro em toda a minha carreira diplomática do Brasil tomar uma atitude dessas: fazer uma retirada coletiva de todos os diplomatas e funcionários da embaixada e dos consulados. Esse é um ponto importante, porque a embaixada é responsável por cuidar dos brasileiros fora do país. E uma das consequências é em relação à assistência aos brasileiros que moram na Venezuela e que precisam tirar certidão de nascimento, renovar passaporte, etc. Como é que vai ficar isso? A outra questão é sobre os adidos, porque só serão removidos os funcionários diplomáticos. Quem irá cuidar dos prédios, da embaixada? Isso ainda não está claro.

Sem embaixada, quais serão os impactos comerciais para o Brasil?

Se não há embaixada, qualquer problema internacional, como a dívida, ou individual não será tratado. Mas alguns funcionários devem ficar por lá.

E como fica a questão da segurança nacional?

Ainda não dá para saber. Saiu (a decisão) no Diário Oficial apenas sobre a retirada, mas não há nenhuma referência sobre como ficará a relação do Brasil com a Venezuela. Nos próximos dois meses, deveremos saber sobre a continuação da relação com o país e como ficará a situação dos brasileiros que estão lá. Não há ainda declarações oficiais do governo brasileiro, então ainda não dá para saber o que vai acontecer.

Fechar a embaixada significa romper com a nação vizinha?

Para haver rompimento, precisaria haver uma declaração do governo brasileiro, o que não aconteceu. Por enquanto, é uma retirada dos funcionários da diplomacia. Em todo caso, é um agravamento das relações.

O senhor já se mostrou crítico em relação ao apoio do governo Bolsonaro ao líder opositor Juan Guaidó. Essa medida seria um erro do Brasil?

A medida não tem a nada a ver com Guaidó. Tudo o que o governo brasileiro poderia fazer para apoiá-lo, já fez. A decisão tem a ver com o governo Maduro e é sem precedentes.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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