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Homens que ameaçaram jovem negro em shopping do Rio são identificados como policiais

Jovem foi ao shopping trocar um relógio que havia comprado de presente de Dia dos Pais, quando começou a ser seguido pelos dois homens, que o acusaram de furto


Por Folhapress Publicado 09/08/2020
Foto: Reprodução/Redes sociais

Os dois homens que ameaçaram com uma arma o entregador Matheus Fernandes, de 18 anos, dentro do Shopping Ilha Plaza, na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio, na última quinta-feira (6), foram identificados pela Polícia Civil. Os agressores são dois policiais militares, que não tiveram suas identidades reveladas.

“São dois policiais militares que trabalham para uma empresa de segurança que presta serviços para o shopping na área de inteligência”, disse o delegado Marcus Henrique, que investiga o caso.

Conforme o delegado, a dupla vai responder por racismo e abuso de autoridade. Caso condenados pelo crime de racismo, os policiais militares podem pegar de 1 a 3 anos de prisão. Eles vão prestar esclarecimentos à Polícia Civil nos próximos dias.

Imagens publicadas nas redes sociais mostram Matheus na escada de emergência do shopping, imobilizado por um dos acusados, que usa uma camisa vermelha. Um deles estava com uma arma de fogo. Um vigilante uniformizado não impediu a ação da dupla de seguranças.

O jovem foi ao shopping trocar um relógio que havia comprado de presente de Dia dos Pais. Matheus começou a ser seguido pelos dois homens que o acusaram de furto.

“Nós vamos acionar o shopping e a Renner também. Vamos pedir indenização por danos moral e material”, contou Jaime Fernandes, advogado e tio de Matheus. Segundo o advogado, o rapaz (que ganhava cerca de R$ 2 mil mensais) não retornou ao trabalho por medo.

Matheus passou o domingo com a família. Ele chegou a presentear o pai com o relógio. O rapaz conta, porém, que ele e os pais estão preocupados com a sua segurança. “Não sai de casa nem para passear com os cachorros, como sempre fazia. Também tenho medo de ir trabalhar e acontecer algo comigo”, disse o rapaz.

Familiares de Matheus fizeram uma vaquinha online para que ele consiga comprar uma moto: “Tirei uma moto no consórcio porque eu não tinha carteira assinada. Paguei apenas quatro parcelas. Pagava com o dinheiro que eu ganhava com as entregas”, contou o rapaz.

Por meio de nota, a Polícia Militar informou que a corporação não compactua e pune com o máximo rigor desvios de conduta cometidos por seus membros.

“A Corregedoria da Polícia Militar está acompanhando e apoiando a condução do inquérito instaurado pela 37ª DP. Paralelamente, foi aberta uma apuração sumária para verificar a conduta dos dois policiais militares sob a égide do regimento interno da Corporação, garantindo aos envolvidos amplo direito de defesa”, diz a nota da PM.

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