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Plano de paz de Trump transforma os territórios palestinos em um ‘queijo suíço’, diz Abbas

O projeto americano estabelece uma série de condições para os palestinos conseguirem seu próprio Estado


Por Folhapress Publicado 11/02/2020
Reprodução

O plano de paz elaborado pelo governo americano para o Oriente Médio transformaria um futuro Estado palestino em um “queijo suíço”, afirmou nesta terça-feira (11) o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.
A declaração foi dada durante uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, em Nova York, que debatia exatamente a proposta apresentada no último dia 28 pelo presidente Donald Trump.

Em seu discurso, o líder palestino descartou completamente o projeto por, entre outras razões, reconhecer a soberania israelense sobre seus assentamentos na Cisjordânia e no vale do rio Jordão.
“Este é o Estado que eles querem nos dar”, disse Abbas segurando um cartaz que mostrava como ficaria o Estado palestino caso o plano seja implementado. “Sério, é como um queijo suíço. Quem aceitaria um acordo nessas condições?”, questionou.

O plano americano frustra uma das demandas palestinas ao prever um território descontinuado.
A área prevista é recortada por enclaves de assentamentos israelenses e não tem acesso direto à fronteira com a Jordânia -o território palestino seria ele mesmo um enclave dentro de Israel, que controlaria o vale do rio Jordão.
“Se a paz for imposta, ela não vai durar, não tem como durar”, acrescentou ele, que reclamou que os palestinos não foram ouvidos para a elaboração do plano -que foi anunciado por Trump na companhia do premiê israelense, Binyamin Netanyahu.

Abbas afirmou ainda que a proposta “suprime todos os direitos dos palestinos e não reúne as aspirações de uma solução de dois Estados”.

O projeto americano estabelece uma série de condições para os palestinos conseguirem seu próprio Estado.
Entre outras coisas, o plano prevê que, em troca do Estado palestino, haveria o reconhecimento da soberania de Israel sobre seus assentamentos na Cisjordânia, considerados ilegais por palestinos e por grande parte da comunidade internacional.

Resoluções da ONU têm reiteradamente decidido pela ilegalidade dessa política israelense com base na Quarta Convenção de Genebra, que proíbe “a deportação ou a transferência de partes da população civil” de um país para um território ocupado por ele.

A medida equivale em termos práticos à anexação dessas áreas, que pertenciam à Jordânia até serem conquistadas por Israel na Guerra dos Seis Dias (1967).

Um ponto polêmico sempre presente em negociações entre palestinos e israelenses é o retorno às fronteiras pré-Guerra dos Seis Dias, na qual Israel triplicou seu território, conquistando Jerusalém Oriental, Cisjordânia, Faixa de Gaza e a península do Sinai -uma parte dessas conquistas foi devolvida nos anos seguintes.
O documento divulgado pela Casa Branca afirma categoricamente que “os EUA e Israel não acreditam que Israel é juridicamente obrigado a conceder aos palestinos 100% do território pré-1967”.

Segundo a proposta de Trump, os palestinos também teriam aceitar que seu Estado fosse desmilitarizado e deveriam reconhecer Jerusalém como a capital indivisível de Israel.

O futuro do local é historicamente um dos grandes pontos de discórdia entre os dois lados, já que os palestinos reivindicam que sua capital seja na parte oriental da cidade -pelo plano de Trump, ela ficaria em Abu Dis, um subúrbio de Jerusalém.

Por isso, Abbas afirmou que os Estados Unidos não tem mais condições de servir como mediador único das negociações entre israelenses e palestinos. Ele pediu uma conferência internacional para debater o assunto, mas sem especificar quem deveria participar.

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