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Conheça a história de dez mentes brilhantes vítimas da Covid-19 pelo mundo

É uma lista que inclui nomes reconhecidos em várias áreas da ciência e da cultura, muitos deles com contribuições importantes para seus setores e países


Por Folhapress Publicado 19/04/2020
Foto: Reprodução/Twitter

Dentre as mais de 154 mil pessoas mortas pelo coronavírus no mundo, há alguns famosos, muitos anônimos e um grupo que se situa entre esses dois polos. É uma lista que inclui nomes reconhecidos em várias áreas da ciência e da cultura, muitos deles com contribuições importantes para seus setores e países, mas que não chegaram a se tornar celebridades fora de seus meios de atuação.
A reportagem conta a história de dez dessas pessoas brilhantes que partiram recentemente em vários lugares do mundo.

ADAM SCHLESINGER, 52, MÚSICO

Esteve por trás de várias músicas animadas que marcaram filmes, programas de TV, musicais de teatro e a música pop. A mais conhecida é “That Thing You Do”, que dá título ao filme de 1996 nomeado no Brasil como “The Wonders “” O Sonho Não Acabou” – que foi indicada ao Oscar.

Adam cresceu em Nova York e se formou em filosofia. Explorou a música de várias formas e acabou reconhecido em todas elas: conquistou o Emmy por músicas para a TV, foi indicado ao Tony por composições para o teatro, ao Grammy pelo trabalho com a banda de rock Fountains of Wayne e também ao Globo de Ouro.

Sua longa lista de trabalhos inclui ainda músicas para os filmes “Eu, eu mesmo e Irene” e “A Era do Gelo”. Morreu no dia 1º, em Nova York.

GIOVANNI COPPIANO, 54, PALHAÇO

Graduado em radiologia, foi trabalhar em um hospital infantil de Guayaquil, no Equador, no fim dos anos 1990. Lá, começou a fazer graça para entreter as crianças doentes e, nisso, descobriu uma nova paixão.

Giovanni criou um personagem para si, o palhaço Copito, que usava ternos de cores vivas, luvas brancas e o rosto pintado. Virou protagonista de festas de fim de ano nos hospitais e logo foi buscar também outros palcos. Montou um show com assistentes, mágicos e música e passou a animar aniversários, festas infantis e a fazer apresentações pelo Equador.

Giovanni morreu em Guayaquil, no dia 5, após demorar a conseguir atendimento, pois o sistema de saúde local entrou em colapso.

GITA RAMJEE, 63, PESQUISADORA DO HIV

Nascida em Uganda em 1956, teve de deixar o país ainda pequena, quando o governo expulsou pessoas de origem asiática. Começou então a rodar o mundo: foi para a Índia, onde tinha parentes, e depois fez faculdade no Reino Unido. Lá conheceu seu marido, que a levou para a África do Sul.

Após o doutorado, na década de 1990, passou a pesquisar meios de conter a propagação da Aids na África. Além de estudar novos remédios, suas ações buscaram formas de dar mais poder para as mulheres se protegerem da doença, sem depender de decisões masculinas.

Ao longo da carreira, deu aulas em universidades de vários países, dirigiu órgãos de pesquisa e recebeu prêmios por sua contribuição no combate ao HIV. Morreu no dia 31, nos arredores de Durban, na África do Sul.

ÍRIS ZAVALA, 84, ESCRITORA E FILÓLOGA

Dedicou a vida à linguagem: foi doutora e pesquisadora do tema e também escritora: publicou dezenas de livros, tanto teóricos quanto de ficção.

Sua produção inclui trabalhos extensos, como a “História Social da Literatura Espanhola”, na qual fez um amplo levantamento, de Miguel de Cervantes (1547-1616) ao modernismo hispânico. E escreveu seis volumes sobre a presença feminista na literatura em castelhano.

Publicou também poesias, críticas literárias e romances, como “Noturna, Mas Não Funesta”, que lhe renderam diversos prêmios.

Nascida em Porto Rico em 1936, mudou-se para a Espanha ainda jovem. Deu aulas nos EUA, na Holanda e na Alemanha e atuou na Unesco. Morreu em Madri, no dia 10 de abril.

JOHN CONWAY, 82, MATEMÁTICO

Adorava pesquisar o mundo da matemática, mas também buscar formas para explicar conceitos complexos, como a teoria dos nós. Seu experimento mais famoso foi o Jogo da Vida.

Não se trata do famoso jogo de tabuleiro, mas de um desafio que começou sendo feito com papel e lápis e encontrou como cenário ideal os primeiros PCs, na década de 1970. O jogo mostra como um grupo de células pode se multiplicar ao longo das gerações seguintes, vivendo ou morrendo de acordo com critérios simples. No entanto, essas regras básicas podem gerar resultados imprevisíveis.

Conway nasceu em Liverpool, formou-se nos anos 50 e fez carreira acadêmica no Reino Unido. Tinha carisma, bom humor e um grande interesse pelas pessoas, segundo relatos de amigos. Morreu no dia 11 em Nova Jersey, EUA.

JUAN GIMÉNEZ LÓPEZ, 76, DESENHISTA

Quando criança, nos anos 1950, gostava de ir ao cinema e depois, em casa, desenhar as cenas que tinha visto na tela grande. Mais tarde, cursou desenho industrial e deixou Mendoza, onde nasceu, para ir estudar em Barcelona.

De volta à Argentina, na década de 1970, trabalhou em agências de publicidade e começou a fazer ilustrações para revistas. Voltou para a Europa alguns anos depois, onde passou a publicar histórias em quadrinhos, trabalho que o tornou conhecido e premiado nas décadas de 1980 e 1990.

Muitas destas obras contavam histórias de ficção científica, como a série “A Casta dos Metabarões”. Também fez desenhos para a animação “Heavy Metal” (1981), que traz canções de Black Sabbath e de outros metaleiros. Ele vivia na Espanha, mas morreu em Mendoza no dia 2.

LEILA MENCHARI, 93, DESIGNER

Transformou as vitrines da grife Hermès, em Paris, em obras de arte, que colocavam os produtos de luxo em meio a cenários muito bem trabalhados, que buscavam estimular a imaginação com referências históricas e do mundo dos sonhos, como nos quadros de Salvador Dalí.

Leila nasceu na Tunísia, em uma família rica, e era filha de um advogado e de uma ativista pelos direitos das mulheres. Foi a primeira mulher aceita no instituto de belas-artes de Túnis. Depois, seguiu os estudos em Paris e foi modelo por algum tempo.

Entrou na Hermès em 1961, como decoradora. Nos anos 1970, tornou-se diretora de vitrines. Nelas, colocou cenários que imaginavam como seria o quarto de um faraó, mostrou ruínas antigas e a escultura de um pé alado gigante, entre muitas criações feitas ao longo de mais de 30 anos.

Esteve com a marca até 2013. Algumas de suas criações foram expostas em Paris em 2017, como obras de arte. Morreu no dia 4, em Hammamet, na Tunísia.

NORMAN PLATNICK, 68, ARACNÓLOGO

Considerado a pessoa mais experiente do mundo em catalogar aranhas: identificou mais de 1.800 espécies ao redor do mundo, escreveu diversos estudos que revisavam classificações anteriores e montou um site, o World Spider Catalog, para reunir tudo sobre os aracnídeos.

Platnick nasceu em West Virginia, nos Estados Unidos. Um dia, foi caçar insetos, como parte de uma tarefa escolar, e se encantou ao ver uma aranha de perto. Esse interesse instantâneo o levou a estudar biologia. Obteve o doutorado em Harvard em 1973 e se tornou curador do Museu Americano de História Natural, em Nova York.

Lá, tinha uma mesa com centenas de vidros com aranhas, enviadas por outros pesquisadores ou coletadas por ele mesmo, em expedições a vários países. Passava os dias analisando os pequenos bichos no microscópio e se empolgando com as descobertas que fazia. Morreu no dia 8.

RIFAT CHADIRJI, 94, ARQUITETO

Considerado o pai da moderna arquitetura iraquiana, projetou mais de cem prédios em Bagdá e ajudou a definir o skyline da cidade a partir dos anos 1950.

Um de seus principais trabalhos foi um monumento ao soldado desconhecido, de 1959, retirado para dar lugar a uma estátua do ditador Saddam Hussein, derrubada em 2003.

Chadirji era opositor de Hussein e chegou a ser preso por razões políticas. Ele deixou o Iraque em 1983 e foi trabalhar como professor em Harvard. Além de arquiteto, também foi fotógrafo: fez mais de 80 mil imagens que registraram a modernização do Iraque entre os anos 1950 e 1980.

Em 2017, lançou um prêmio de arquitetura com seu nome, com o objetivo de estimular projetos de reconstrução das cidades do Iraque, destruídas por várias guerras. Morreu em Londres, no dia 10.

WILLIAM HELMREICH, 74, SOCIÓLOGO

Ficou conhecido por percorrer todos os 121 mil quarteirões da cidade de Nova York e descrever essa experiência em um livro.

Andar pela cidade era um hábito antigo. Quando criança, Helmreich costumava pegar o metrô com seu pai, um judeu que escapou do nazismo, e ir conhecer os arredores da última estação de cada linha.

Como trabalho de graduação, nos anos 1970, analisou como um grupo do movimento Black Power era hostil a pessoas brancas como ele. A pesquisa também deu origem a um livro. Depois, se tornou professor universitário em Nova York. Uma de suas pesquisas foi sobre como os judeus vítimas do Holocausto se adaptaram aos EUA. Escreveu ao todo 18 livros. Morreu no dia 28, na mesma cidade que tanto explorou.

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