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Apuração aponta vitória de Bernie Sanders em prévias de Nevada

O senador colocou 250 pessoas de sua equipe em Nevada, onde pede votos há pelo menos dez meses


Por Folhapress Publicado 23/02/2020

Favorito até agora nas prévias democratas para escolher quem concorrerá à Casa Branca contra o republicano Donald Trump, o senador progressista Bernie Sanders venceu neste sábado (22) com folga em Nevada, de acordo com projeções.

Foi a primeira grande prévia democrata no oeste do país e a segunda realizada por caucus –espécie de assembleia de eleitores na qual a votação se dá por aglomeração.

A ampla margem sobre os adversários permitiu que Sanders fosse apontado vencedor mesmo com a apuração em ritmo lento. Às 00:25 de domingo (23) em Brasília, com 23% dos votos computados, o senador de Vermont tinha 46,2%, seguido por Joe Biden, com 23,6%.

Apesar da derrota, o desempenho do ex-vice-presidente dos EUA no governo Obama sinaliza uma recuperação, já que Biden largou como um dos favoritos e decepcionou ao ficar em quarto e quinto nas duas prévias anteriores, em Iowa e New Hampshire. 

Ele comemorou enfaticamente o resultado: “Vocês todos fizeram isso por mim. Vocês todos fizeram. Agora vamos à Carolina do Sul para ganhar e então vamos tomar isso de volta”, disse, em um comício em Las Vegas.

O terceiro lugar em Nevada era ocupado por Pete Buttigieg (13,9), que se alternou nas duas primeiras posições nas prévias iniciais. Em seguida vinha Elizabeth Warren (8,9%).

Buttigieg investiu contra o principal rival após as projeções que o apontavam como vencedor. “Antes de nos precipitarmos para nomear o senador Sanders como nosso único tiro para derrotar esse presidente, vamos dar uma olhada sóbria nas consequências”, disse. “O senador Sanders acredita em uma revolução inflexível e ideológica que deixa de fora a maioria dos democratas, sem mencionar a maioria dos americanos.”

Enquanto isso, Sanders comemorava o triunfo em comício no Texas e afirmou: “Vamos formar uma coalizão multigeracional e multirracial que não vai ganhar apenas em Nevada. Vai varrer o país.” 

Segundo a imprensa americana, vários voluntários de Nevada tentaram enviar o resultado de seu caucus à sede do Partido Democrata por telefone e relataram linhas congestionadas. Foram colocados à disposição, então, novos números para o envio.

Os democratas disponibilizaram outras três formas de transmissão das informações: por um formulário do Google, por mensagem de texto com foto da planilha da apuração ou por entrega pessoal dos documentos usados no caucus.
O objetivo era evitar o que houve em Iowa, onde falhas em um aplicativo criado para informar os votos de cada seção levaram a um congestionamento nas linhas telefônicas do partido.

A apuração no estado levou em conta não só as pessoas que compareceram neste sábado para os caucus, mas também as que fizeram parte de uma votação antecipada, que durou quatro dias e teve a participação de cerca de 75 mil democratas –mais da metade deles votando pela primeira vez.
 
A votação começou ao meio-dia do horário local (17h em Brasília) e ocorreu em mais de 250 locais ao redor de Nevada. Estavam em disputa 36 dos 3.979 delegados que vão à convenção nacional do partido, em julho, escolher o candidato da sigla à Presidência.

Apesar de o número representar menos de 1% do total de delegados, a votação no estado é considerada uma etapa importante desse momento das prévias por causa da maior diversidade de eleitores da região.

Com 3 milhões de habitantes, quase 30% deles latinos e 10%, negros, Nevada interrompe a demografia predominantemente branca de Iowa e New Hampshire, e o resultado por lá pode antecipar a temperatura das votações durante a chamada Super Terça, em 3 de março, quando 14 estados realizam suas primárias ao mesmo tempo.

As pesquisas em Nevada já apontavam o favoritismo de Sanders, que tem forte preferência entre os hispânicos, membros de sindicatos e mulheres com curso superior -e seis em cada dez eleitores do estado apoiavam sua proposta de um sistema de saúde pública para todos. 

Segundo pesquisas de boca de urna, Sanders não venceu só entre os eleitores mais à esquerda. Pela primeira vez, ele foi o mais votado entre eleitores que se autodescrevem como moderados ou conservadores, apesar de por uma pequena margem: 25%, contra 23% de Biden.

Isso acontece em parte porque muitos eleitores negros e hispânicos se descrevem como moderados, e Sanders capturou 53% dos votos dos hispânicos (53%) e só perdeu para Biden entre os afroamericanos.

Trump, que em 2016 perdeu em Nevada para a democrata Hillary Clinton, escreveu em uma rede social que espera ganhar no estado na eleição de novembro e parabenizou Sanders, apesar de chamá-lo de “crazy Bernie” (Bernie louco). Escreveu ainda que Biden e os demais rivais parecem fracos e que não há como “mini Mike” (Mike Bloomberg) se recuperar da “pior performance em um debate na história dos debates presidenciais”. 

O bilionário ex-prefeito de Nova York, que disparou nas pesquisas graças a uma agressiva campanha de anúncios que ele próprio financiou, não entrou nas três primeiras prévias. Com a estratégia de só participar a partir da Super Terça, Bloomberg estava até então fora da mira de ataque dos adversários e havia conseguido se destacar como opção viável no campo dos moderados. Sua insegurança no debate desta semana, porém, deu ânimo aos concorrentes.

Sanders, que se identifica como um socialista-democrata, subiu ao topo das pesquisas de opinião nacionalmente depois de receber expressivas votações nas duas primeiras disputas pela nomeação, no começo deste mês. 

O senador colocou 250 pessoas de sua equipe em Nevada, onde pede votos há pelo menos dez meses com apoio de 11 comitês políticos.

A próxima prévia será no dia 29, na Carolina do Sul. O escolhido dos democratas só sairá em julho, quando os 50 estados, o distrito de Colúmbia (Washington) e Porto Rico tiverem feito suas prévias.

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