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Desempregado longevo vira ‘obsoleto’

O longo período fora do mercado deve afetar os trabalhadores pelos próximos anos, mesmo quando o desemprego voltar a cair.


Por Estadão Conteúdo Publicado 01/05/2019
Foto: Agência Brasil
O longo período fora do mercado deve afetar os trabalhadores pelos próximos anos, mesmo quando o desemprego voltar a cair. De acordo com economistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, os profissionais mais experientes que ficaram muito tempo desempregados vão retornar defasados, enquanto os jovens que tentam entrar no mercado, largam em desvantagem em relação às gerações anteriores.

Lucas Reis, de 25 anos, teme não ter a carteira assinada tão cedo. Repositor em um supermercado, ficou desempregado há quatro anos e, desde então, foi obrigado a se virar vendendo água mineral e refrigerante próximo a estações de Metrô e trem em São Paulo. Ultimamente, até encontrar “bicos” tem sido mais difícil, ele conta.

“Se a gente pensar nas filas das agências e nas poucas vagas de emprego, não sai mais de casa. Eu só espero que as coisas melhorem um pouco e que o governo volte a fazer concursos. Parece algo distante, mas é preciso manter a esperança.”

No primeiro trimestre, o morador da Grande São Paulo estava, em média, há 46 semanas buscando trabalho, sem nem conseguir fazer um “bico”. No mesmo período de 2014, quando o País vivia o chamado pleno emprego, esse tempo era de 21 semanas, segundo pesquisa da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Os resultados acompanham a deterioração do mercado de trabalho. Ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a taxa de desemprego no País era de 12,7%, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua.

O medo do desemprego também voltou a subir nesse mesmo período. O índice mais recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) bateu em 57 pontos, acima de média histórica de 49,9 pontos.

O economista do Insper Sergio Firpo, que estudou o impacto da perda de emprego nos chefes de domicílio, é um dos que concordam que o aumento do tempo de recolocação de um profissional no mercado é muito preocupante. “Quem fica muito tempo desempregado tem uma depreciação de capital humano. Toda experiência antes acumulada fica obsoleta e, quando ele voltar ao mercado, a tecnologia terá mudado.”

Ele lembra que os jovens hoje também estão em desvantagem, em relação às outras gerações. “Muitos pararam a formação e não vão conseguir achar bons empregos lá na frente.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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