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Renault demite 747, e indústria automotiva deve chegar a 2 mil cortes no 2° trimestre

Em crise, a Renault queria redução de 25% da jornada de trabalho e do salário na linha de produção, mas a pauta foi rejeitada pelo sindicato


Por Folhapress Publicado 22/07/2020
Foto: Divulgação/Renault do Brasil

Após uma queda de 47% de suas vendas no primeiro semestre, a Renault do Brasil fechou seu terceiro turno de produção e demitiu 747 funcionários no Complexo Industrial Ayrton Senna, em São José dos Pinhais (PR).

Os cortes, confirmados na terça (21), levaram o SMC (Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba) a anunciar a paralisação das atividades na fábrica, que agora emprega cerca de 7 mil trabalhadores.

Em um comunicado, a Renault informa que, apesar de ter adotado algumas medidas de flexibilização permitidas pela MP 936, a situação se agravou em meio à pandemia do novo coronavírus, sem perspectiva de retomada.

A produção só foi mantida em três turnos devido às restrições impostas pela covid-19. Houve distanciamento nos postos de trabalho e redução no número de funcionários por período, entre outras mudanças.

A relação da montadora com o SMC tem sido tensa durante a pandemia. O primeiro problema ocorreu em abril, quando a empresa tentou implementar medidas emergenciais baseadas na MP 936.

A Renault diz que os sindicalistas condicionaram a flexibilização à negociação do programa de participação nos resultados, e surgiu um impasse.

A montadora antecipou férias coletivas e, no dia 13 de maio, a redução de salários e carga horária foi aprovada em assembleia. A empresa afirma que foi além do que prevê a lei e que complementou o salário líquido dos colaboradores.

Com o agravamento da crise, uma nova proposta foi feita em junho. A Renault queria redução de 25% da jornada de trabalho e do salário na linha de produção, mas a pauta foi rejeitada pelo sindicato. No dia 15 de julho, um plano de demissão voluntária foi apresentado, mas também não foi aceito pelo SMC.

“Após realizar todos os esforços possíveis para as adequações necessárias e não havendo aprovação das medidas propostas, não restou outra alternativa para a Renault do Brasil”, diz o comunicado da empresa sobre as demissões.
A montadora diz que os cortes estão inseridos no plano global anunciado pelo grupo em maio, que prevê uma redução de R$ 12 bilhões nos gastos em três anos.

Em vídeo, o presidente do sindicato da Grande Curitiba, Sérgio Butka, afirma que a greve seguirá por tempo indeterminado até que as demissões sejam revistas. “Queremos que a empresa cumpra a sua obrigação por estar recebendo incentivos fiscais do estado e, por contrapartida, deveria estar mantendo o emprego de todos os trabalhadores”, disse Butka.

A Nissan, que tem aliança com Renault e também passa por processo de restruturação global, demitiu 398 funcionários da fábrica de Resende (RJ) no mês passado.

De acordo com a Anfavea, houve 1,1 mil demissões entre os meses de maio e junho. Com os cortes na Renault e mais ações pontuais em outras empresas -a Toyota desligou 49 funcionários de áreas administrativas no início de julho, movimento negociado desde antes da pandemia– o segundo trimestre deverá registrar uma redução de 2.000 postos de trabalho na indústria automotiva.

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