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Homem é salvo da morte durante treinamento de medicina em São Paulo

Flávio Aramis Teixeira, 50 anos, foi salvo da morte graças a uma feliz coincidência


Por Estadão Conteúdo Publicado 18/10/2019
Flávio Aramis Teixeira, 50 anos, estava na fila de uma churrascaria quando caiu, desacordado, na calçada. Foto: Lauro Alves / Agencia RBS

Flávio Aramis Teixeira, 50 anos, foi salvo da morte graças a uma feliz coincidência. No domingo (13), pelo das 13h, o pintor tombava na calçada do bairro Santana em frente ao Centro de Treinamento e Simulação de Emergências Médicas (CTSEM), que realizava um treinamento com instruções sobre parada cardiorrespiratória com a utilização de um manequim como se fosse paciente.

Médicos, enfermeiros e estudantes de Medicina matriculados na turma perceberam a movimentação atípica da rua e atenderam ao chamado de Jaci Ávila Teixeira, que pedia socorro pelo marido cardiopata caído no chão. O médico instrutor Guilherme Camargo Winckler, 27 anos, acionou a colega Mariana Tripoli, graduanda em Medicina e colaboradora do CTSEM, e em cerca de 30 segundos a dupla iniciava o protocolo ensinado há poucos minutos na sala de aula.

Mariana palpou o pulso carotídeo, colocando os dedos no pescoço de Flávio, procedimento repetido, na sequência, por Guilherme. Nada. A médica Valentina Morel Corrêa Rodríguez, 29 anos, aluna do centro, recebeu o alerta, pegou um desfibrilador e correu para auxiliar. Mariana começou à primeira rodada de compressões torácicas, apertando as mãos sobre o peito do pintor a um ritmo de cem a 120 compressões por minuto, enquanto Guilherme controlava o cronômetro.

Foto: Lauro Alves / Agencia RBS

Um dispositivo bolsa-válvula-máscara, também trazido do CTSEM, ajudava a enviar ar para dentro do paciente. Estava sendo conduzido o segundo ciclo de compressões – é preciso haver rotatividade em intervalos de dois minutos, para que o procedimento, cansativo, não perca eficiência – quando Valentina aportou com o desfibrilador, aparelho para dar choques O coração estava em fibrilação ventricular, um caos elétrico, ou seja, o órgão estava vibrando, como se tremesse, mas não conseguia bombear o sangue. Verificou-se, pelo ritmo mostrado no monitor, que o coração da vítima poderia receber a descarga.

O corpo respondeu durante o choque e seguiram as manobras no tórax, mas Flávio seguia sem pulso. Na terceira série de compressões, o pintor movimentou as pernas, mas foi só no terceiro choque que ele “voltou”. Flávio respondeu que estava sem dor e passou a falar normalmente. A plateia, emocionada, aplaudiu. Uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) transportou o paciente para o Instituto de Cardiologia, distante poucos metros dali.

Entre a identificação da parada e a retomada dos sentidos de Flávio, passaram-se cinco minutos e 50 segundos, tempo considerado excelente. Segundo o cardiologista Juarez Barbisan, médico do Instituto de Cardiologia e diretor do CTSEM, centro parceiro do hospital, o ideal é que o atendimento ao paciente em parada comece em até cinco minutos. A faixa entre cinco e 10 minutos é considerada perigosa e, se o socorro se iniciar apenas após 10 minutos, as chances de recuperação sem sequelas neurológicas são pequenas. Como Flávio já tinha, em seu histórico, um infarto, estava mais suscetível a uma parada cardiorrespiratória.

A recomendação para quem se defronta com situação semelhante à descrita nesta reportagem é a de acionar, imediatamente, o Samu. E o treinamento para reanimação, como fizeram os socorristas de Flávio, não é restrito a profissionais da área da saúde.

— O paciente não foi salvo só por causa do choque ou dos médicos. Foi por causa do atendimento básico de qualidade, que qualquer um pode fazer — explicou a enfermeira Carina Trindade de Castro. — Você pode salvar vidas com as suas mãos.

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