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Em dias de crise, bicicletas compartilhadas viraram sinônimo de economia

Com a gratuidade, garantida desde fevereiro de 2018, sistema tem mudado a forma como os cidadãos se deslocam em Belo Horizonte


Por Estadão Conteúdo Publicado 18/04/2019

Em um ano, o analista de projetos Wedesley Botelho economizou mais de R$ 1 mil com passes de ônibus para ir e voltar do trabalho, ao utilizar as bicicletas compartilhadas do projeto UdiBike, criado em 2016 em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. O projeto é um dos tantos serviços espalhados pelo Brasil, há 10 anos, quando o primeiro programa do tipo começou a operar no Rio de Janeiro. Mas, a cidade mineira é uma das poucas do país em que o usuário não precisa pagar nada pelo transporte alternativo. Outro diferencial, inédito no país, é que estão inclusas aulas para ensinar crianças da rede pública a andar de bicicleta durante o horário da educação física, graças ao benefício da Lei Federal de Incentivo ao Esporte, com patrocínio do Instituto Algar e da ITV Urbanismo, uma empresa nascida há 82 anos em Uberlândia, considerada a urbanizadora com maior tempo em atividade no Brasil.

Com a gratuidade, garantida desde fevereiro de 2018, o sistema tem mudado a forma como os cidadãos se deslocam pela cidade, fazendo com que a bike se torne não apenas um instrumento de lazer e meio de transporte, mas também uma ferramenta de trabalho, reduzindo o trânsito de carros, a poluição, além de fazer com que as pessoas se movimentem e saiam do sedentarismo. As possibilidades são tantas que o número de viagens pelas ruas de Uberlândia aumentou em quase 180%. Os empréstimos saltaram de 626 viagens mensais para 1.742. Com isso, entre 2017 e 2018, a quantidade de usuários cadastrados também aumentou 33%, passando de 16.161 para 21.463 ciclistas.

A médica veterinária Cecília Brito usa as bicicletas compartilhadas do UdiBike nos fins de semana, para passear com o irmão, e também, em alguns dias úteis, na volta do trabalho, para se forçar a fazer uma atividade física. “Eu voltava só de ônibus, mas, quando estou mais animada, eu pego a bike. Além de economizar com ônibus, é bem menos estressante, porque tem ventinho na cara e paisagem, sem contar que é exercício físico e a gente gasta calorias”, afirmou Cecília.

Com uma população de aproximadamente 700 mil habitantes, Uberlândia é considerada a segunda maior cidade de Minas Gerais e tem passagem de transporte coletivo ao preço de R$ 4,30, o mesmo valor cobrado por um tíquete de metrô em São Paulo, por exemplo. Pelo alto preço do serviço do transporte público uberlandense, sempre que pode, o analista de sistemas Wedesley Botelho troca o coletivo pela bicicleta compartilhada, a fim de se locomover entre a casa e o escritório onde trabalha dentro de um shopping. “Eu acho bacana, porque, além de ser bom para a saúde, é bom para o bolso. Em um ano, eu economizei R$ 1 mil”, afirmou.

Segundo Leandro Carneiro, coordenador dos projetos sociais da ITV Urbanismo, o UdiBike tem tudo a ver com o trabalho da empresa, porque está relacionado ao desenvolvimento urbano, quando são feitos estudos para se abrir um novo loteamento. “Na hora em que vai desenvolver um projeto urbanístico, você também tem que pensar no fluxo das pessoas, como elas se deslocam por aquele local, quais os principais acessos e interligar isso com o resto da cidade”, afirmou Leandro.

Em Uberlândia, o Udi Bike tem quatro estações, o que corresponde a cerca de 20 km. O sucesso é tanto que, segundo Clóvison Elberth Alves, o Clovin, fundador do Instituto Saúde e Equilíbrio e coordenador do projeto, há possibilidade, em breve, de a cidade ganhar uma quinta estação. Ele acredita que o crescimento da procura pelo transporte alternativo se deve ao fato do Udi Bike ter passado a ser um dos poucos projetos gratuitos no Brasil, ao lado de cidades como Indaiatuba (SP) e Juiz de Fora (MG).

Oficinas nas escolas

Além da gratuidade na utilização das bicicletas compartilhadas pelas ruas de Uberlândia, o projeto Udibike oferece ainda oficinas de ciclismo básico para crianças matriculadas em escola?s? municipais, durante as aulas de educação física. Segundo Clóvison Elberth Alves, o Clovin, a atividade é pioneira no Brasil. “A grande conquista é que é no turno escolar e pode ser uma referência para o Brasil”, disse. As aulas já foram ministradas para crianças de 6 a 11 anos matriculadas na Escola Municipal Professor Valdir Araújo, no bairro Mansour, e na Escola Municipal Gláucia Santos Monteiro, no bairro Carajás, ambas em Uberlândia.

Os casos mais notáveis de superação por meio do esporte foram de dois alunos com deficiência, um com hidrocefalia e o outro com autismo, que aprenderam a pedalar “É muito gratificante vê-los andar de bicicleta sem as rodinhas e eles estão aprendendo outra atividade fora da educação física tradicional. Não ensinamos só a pedalar e se equilibrar, damos noções de trânsito e falamos sobre as peças da bicicleta. A crianças também desenvolvem a coordenação motora e têm melhor desempenho nas outras disciplinas na escola, fora da área esportiva”, afirmou Celso Júnior, um dos instrutores.

Enilda Gonçalves é avó de Ana Júlia, de 7 anos, aluna da Escola Municipal Professor Valdir Araújo e integrante do projeto. De acordo com a costureira, seria importante que todas as crianças tivessem a mesma oportunidade da neta em aprender a andar de bicicleta. “Eu achei muito criativo, nunca tinha visto. A criança precisa se acostumar no esporte desde bem pequena, porque o esporte é saúde”, disse Enilda.

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