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Projeto faz idoso enxergar e diarista ouvir melhor no sertão da Bahia

A ação reúne voluntários do interior paulista, em especial da área da saúde.


Por Estadão Conteúdo Publicado 03/06/2019

Havia tempo que Eurípedes Alves de Oliveira, 70, mal conseguia caminhar pelo terreiro no entorno de sua casa, no povoado de Bandeira Nova, a 13 km de Poções, cidade de 46 mil pessoas na Bahia.

Ele sofria de catarata, que provoca opacidade no cristalino (lente natural) dos olhos, deixando a pessoa com visão nublada. “Tinha dia que saía escorado em uma enxada, contando os passos, para não cair em um buraco. Não estava enxergando quase nada, andava praticamente no tato.”

Depois de operado por oftalmologistas do projeto Voluntários do Sertão, que passou pela região entre abril e maio, Eurípedes voltou a enxergar. “Voltei pra minha rocinha, onde planto milho, feijão, fava, mandioca”, contou.
O projeto, que está em sua 19ª edição e promove também ações sociais, atendeu 48.762 pessoas neste ano no sudoeste baiano.

A ação reúne voluntários do interior paulista, em especial da área da saúde. Além do diagnóstico com médicos especialistas, são realizadas pequenas cirurgias, consultas com dentistas e avaliação para receber prótese auditiva, entre outros, e entrega de cestas básicas.

Nascido em Condeúba, no semiárido baiano, o empresário Doreedson Pereira, o Dorinho, que mora em Ribeirão Preto, iniciou há quase duas décadas a ação no seu estado com a ajuda de voluntários.

O projeto tem apoio da FAB (Força Aérea Brasileira) para o transporte de voluntários e equipamentos.

Na região baiana escolhida neste ano pelo projeto, a população relata ser difícil encontrar médico até para detectar casos não complexos, como a hérnia no umbigo de Davi, 9, neto de Eurípedes.

O menino se queixava sempre de dores na barriga. Descoberto o problema, Davi terá de passar por cirurgia. A mãe, Joselita Prado de Oliveira, 37, disse que ele não ia ao pediatra havia cinco anos, quando o profissional que atendia de vez em quando no posto de saúde não voltou mais.

Também atendido pelo Voluntários do Sertão, Genivaldo Carvalho de Oliveira, 51, o Vado, um vendedor de caldo de cana que tem fama de poeta na região, contou que estava com problemas para ler.

“Souberam da minha fala de poeta e vieram aqui na feira me pedir uma homenagem para o projeto em forma de poesia. Então, aproveitei para fazer meu exame nos olhos, que estava enrolando porque custa dinheiro”, disse ele, que aguarda os óculos chegarem na Secretaria Municipal de Saúde.

A poesia que ele fez será apresentada em um vídeo institucional do projeto. Por conta do projeto, a diarista Maria Aparecida, 44, poderá ouvir a voz de Vado no vídeo.

Ela estava com perda auditiva de 50% e recebeu do projeto um aparelho de audição. Lia lábios e conseguia conversar em ambientes fechados olhando para as pessoas. Em ambiente com barulho, já não conseguia entender a conversa, e isso a atrapalhava na busca por emprego.

“A gente fica com vergonha porque as pessoas não têm paciência de falar com a gente. Um médico que disse que eu precisava aprender a conviver com o problema e era o que eu estava fazendo, convivendo com isso”, disse.

E se existe felicidade em receber o auxílio, quem o dá também sente o mesmo, como relata a dentista Aline Borba. Moradora de Ribeirão Preto (SP), ela tem 35 anos e acompanha o projeto há 11.

Aline Borba tentava ser voluntária do projeto havia cinco anos, e conseguiu neste ano após passar na seleção.

Para o ortopedista Gustavo Estanislau, é um desafio. “Exige um empenho muito grande de todo mundo. E quem sai ganhando muito também são os voluntários, porque se doar é muito bom e gratificante. A gente se sente muito feliz em poder ajudar tantas pessoas que não têm acesso fácil aos atendimentos de saúde.”

Quem quiser ser voluntário pode acessa o site do projeto: www.voluntariosdosertao.com.br.

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