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Mandetta admite erro em confronto, e Bolsonaro vê respaldo para demiti-lo

O ministro foi avisado que sua saída do governo federal voltou a ser uma possibilidade nos próximos dias


Por Folhapress Publicado 14/04/2020
Ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) aplica álcool em gel na mão do presidente Bolsonaro
Luiz Henrique Mandetta Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

O ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) afirmou a interlocutores que cometeu um erro ao dar a entrevista ao Fantástico no domingo (12), com uma série de críticas indiretas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e reconheceu que, por isso, seu cargo está novamente ameaçado.

Depois de escapar na semana passada de uma demissão que muitos consideravam certa, o ministro foi avisado que sua saída do governo federal voltou a ser uma possibilidade nos próximos dias.

Segundo interlocutores no Planalto, Bolsonaro considerou na segunda-feira (13) que, diferentemente da semana passada, quando os militares entraram em campo para garantir a permanência de Mandetta na equipe, houve menor movimentação em defesa do ministro desta vez.

Além da visível perda de sustentação entre os militares, que consideraram o tom da entrevista um ato de insubordinação, Bolsonaro levou em conta que até mesmo alguns líderes do Congresso criticaram o tom adotado na entrevista.

A falta de fortes mobilizações nas redes sociais em defesa do titular da Saúde também foi lida pelo presidente como uma brecha para efetuar a demissão.

Auxiliares afirmam, no entanto, que ainda não é possível saber se o presidente bancaria o desgaste de dispensar Mandetta da Esplanada. Alguns assessores o aconselharam a atravessar a pandemia com o ministro, para evitar o desgaste da demissão caso o sistema de Saúde brasileiro entre em colapso.

ENQUADRAMENTO

No dia 6 de abril, um dia depois de ameaçar “usar a caneta” contra ministros que “viraram estrelas”, Bolsonaro foi questionado por Mandetta sobre o motivo pelo qual não o demitia. A pergunta surgiu em reunião de ministros; o presidente, segundo relatos, não respondeu. Ministros militares, em parte responsáveis por demover Bolsonaro da ideia de exonerar o titular da pasta da Saúde, tentaram contornar a situação. Mandetta também perguntou por que fora nomeado, já que o presidente não o ouvia.

RECADOS EM DISCURSO

Após um dia inteiro de indefinição, na mesma segunda-feira (6), Mandetta anunciou que ficaria na pasta e mandou recados ao presidente. Defendeu insistentemente o respeito à ciência e citou o mito da caverna de Platão, uma alegoria sobre o conflito entre a ignorância e o conhecimento. Também apoiou as medidas dos governadores que se tornaram antagonistas do presidente na crise de saúde.

CRÍTICAS AO PRESIDENTE EM GOIÁS

No sábado (11), depois de Bolsonaro participar de aglomeração de apoiadores em Águas Lindas de Goiás, Mandetta, que também estava na cidade e observou a multidão à distância, criticou o presidente. “Posso recomendar, não posso viver a vida das pessoas. Pessoas que fazem uma atitude dessas hoje, daqui a pouco vão ser as mesmas que vão estar lamentando”.

ENTREVISTA AO FANTÁSTICO

Em entrevista no domingo (12) ao Fantástico, da TV Globo, Mandetta disse que o brasileiro “não sabe se escuta o ministro da saúde, se escuta o presidente, quem é que ele escuta”.

Ele defendeu que o governo federal tenha uma “fala única” sobre a pandemia para orientar a população.

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