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Fechamento de comércio gera surpresa e tentativa de reversão no interior de SP

Três regiões paulistas foram "rebaixadas" no plano de reabertura gradual da economia em meio à pandemia e terão de fechar novamente o comércio


Por Folhapress Publicado 10/06/2020
Foto: Divulgação/Governo do Estado de São Paulo

Aglomeração nas ruas, corrida às compras, filas para entrar em shopping centers, festas irregulares. Esse pacote de acontecimentos nas duas últimas semanas reduziu índices de isolamento social e, com o aumento de internações e mortes pelo novo coronavírus, três regiões paulistas foram “rebaixadas” no plano de reabertura gradual da economia em meio à pandemia e terão de fechar novamente o comércio.


Esse é o cenário que as regiões de Ribeirão Preto, Presidente Prudente e Barretos viverão a partir da próxima segunda-feira (15), o que gerou nas prefeituras sentimentos distintos, como surpresa e tentativas de reversão.


Enquanto Guilherme Ávila (PSDB), prefeito de Barretos, vai tentar mostrar ao estado que a cidade tem índices favoráveis para permitir a manutenção das atividades, o de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira (PSDB), já admitia nos últimos dias o problema e a possibilidade de recuo. Também tucano, o prefeito de Presidente Prudente, Nelson Bugalho, afirmou estar surpreso com a decisão.


“Nós constatamos que houve equívoco em informações fornecidas para a composição de um dos cinco índices que avaliam a situação do município e da região, pois Barretos está numa condição ainda privilegiada no que diz respeito a número de leitos, registros de novos casos confirmados e de novos óbitos. Com a correção dos números, e atualização dos índices, é que será decidido se adotaremos medidas ainda mais restritivas”, disse Ávila.


Barretos, com 122 mil habitantes, teve confirmados 361 casos do novo coronavírus até esta terça-feira (9), com 14 mortes. Doze pacientes estão internados no hospital Nossa Senhora Aparecida, seis deles na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).


Desde a reabertura do comércio, os índices de isolamento social caíram em Barretos e festas se tornaram comuns na cidade, especialmente nos finais de semana.


Uma festa com ao menos 20 jovens ocorreu num rancho às margens da rodovia Assis Chateaubriand, entre Barretos e Olímpia, mas churrascos com aglomerações são frequentes no município.


CRÍTICO
O cenário apresentado nesta quarta pelo governo paulista é mais crítico justamente em Barretos, onde a variação de mortes na última semana cresceu 100% em relação à semana anterior, com alta de 93% nas internações, também em comparação com a semana anterior.


Em Ribeirão Preto, a variação de mortes também foi de 100% em relação à semana anterior, enquanto as internações subiram 51%.


Nesta quarta-feira (10), o índice de ocupação em UTI na cidade é de 75,2%, com 91 dos 121 leitos ocupados. Na última segunda-feira (8), estava em 65,3%. Dos 182 leitos de enfermaria, 132 abrigam pacientes, 72,5% do total, ante o índice de 63,8% de segunda.


No início da semana, a prefeitura já admitia ter de recuar na flexibilização, com a elevação dos casos, tanto que decretou o fechamento total do comércio nos próximos dois feriados –Corpus Christi, nesta quinta (11), e aniversário da cidade, dia 19.


Ribeirão reabriu seu comércio no último dia 1º com lotação das ruas da região central e filas para entrar em shoppings, cenário que se repetiu nos dias seguintes. Fora das lojas, filas com mais de 30 pessoas foram registradas. A cidade soma 1.865 casos do novo coronavírus, com 48 mortes.


Para o Sincovarp (sindicato do comércio varejista) e a CDL (câmara de lojistas), a decisão do governo está baseada principalmente no comportamento da população, “que, em grande parte, não respeitou o isolamento social e a regra de sair de casa somente para o necessário”, no aumento de casos e da taxa de ocupação de leitos de UTI na cidade e região.


Os órgãos lamentaram a classificação na fase vermelha e dizem que trabalharão para construir soluções para que a cidade volte à classificação laranja, até a reabertura total.


Já em Presidente Prudente, as internações cresceram 60% e as mortes, 50%, segundo o estado. Na região, uma festa que tinha previsão de ocorrer no último sábado (6) e estava sendo divulgada por redes sociais foi embargada em Dracena.


O prefeito Nelson Bugalho disse estar surpreso com a decisão –antes liberada para abrir bares e restaurantes, a região foi alocada agora na fase vermelha, a mais rígida.


“Me causou uma surpresa retrocedermos duas fases. Eu já esperava que houvesse um retrocesso ou que pelo menos permanecêssemos na fase amarela, porque acompanhamos os casos, a ocupação das UTIs, e houve um fluxo muito grande de pessoas no comércio, mas me causou perplexidade.”


Bugalho afirmou que tentará articular junto às demais 44 prefeituras da região uma reunião com o secretário do Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, para pedir uma revisão do cálculo, devido a uma suposta defasagem na consolidação dos dados pelo estado.


“Vamos tentar verificar esses números e, quem sabe, ter um revisão dessa decisão, para que se coloque nossa região pelo menos na fase laranja.”
A classificação feita pelo estado leva em conta a capacidade hospitalar e a evolução da pandemia em cada região. Com 52% das UTIs destinadas a pacientes com Covid-19 ocupadas na segunda (8), Prudente viu pesar no cálculo o avanço do vírus por ali e nas cidades vizinhas.


Em nove dias desde a reabertura, a região de Presidente Prudente teve um aumento de 39% no número de casos de Covid-19 –foi de 416 confirmações para 578 nesta terça (9), segundo o governo do estado. Registrou ainda outras 9 mortes relacionadas ao coronavírus, totalizando 39 óbitos.


O prefeito de Prudente disse ainda estar muito preocupado com a economia local, dependente do comércio, e com a reação de quem atua no setor. “Houve uma expectativa de normalização. É como se você freasse um carro de maneira muito brusca e batesse a cabeça no vidro.”


Bugalho ainda criticou quem tem descumprido a quarentena em Prudente sem a devida necessidade. No período de reabertura, a taxa média de isolamento social na cidade foi de 40% –no estado, 48%.


PROPAGAÇÃO
Segundo a secretária Patrícia Ellen (Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia), as medidas restritivas foram endurecidas devido ao aumento da propagação da epidemia, apesar de a ocupação de leitos estar sob controle.
Já o secretário Vinholi disse que a necessidade do endurecimento foi discutida com os prefeitos das cidades e que há outras regiões que também mostram tendência de avanço nos casos da Covid-19.

“As regiões de Sorocaba e Campinas, apesar de [estarem] no nível laranja, têm tendência de evolução na pandemia também, com crescimento de casos de internações.” Ele afirmou que os prefeitos devem usar os próximos dias para pactuar a decisão com o comércio.

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