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Devemos levar antas que dão aula na USP para aprender saber tradicional, diz Klink

É preciso, por isso, levar acadêmicos para aprender o que povos antigos já sabem há séculos no litoral brasileiro


Por Redação Educadora Publicado 14/07/2019
PARATY, RJ, BRASIL. 14.07.2019 – FLIP: Mesa de enceramento da FLIP “Livro de Cabeceira” com participaçã especial de Amyr Klink, no Auditório da Matriz. Na foto: Amyr Klink. (Foto: Mathilde Missioneiro/Folhapress)

Os professores de engenharia naval da USP não entendem como funciona uma jangada de piúba, tradicional embarcação cearense. É preciso, por isso, levar acadêmicos para aprender o que povos antigos já sabem há séculos no litoral brasileiro.

É o que diz o navegador e escritor Amyr Klink, que abriu a mesa de encerramento da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) neste sábado (14).
A conferência reuniu, além do navegador, os escritores Jarid Arraes e Kalaf Epalanga e a editora Liz Calder para lerem trechos de seus livros preferidos.

Foi Klink quem introduziu a conversa, com um histórico de sua infância e juventude em Paraty, onde descobriu o mar e a leitura. “Eu tinha 11 namoradas e um namorado: o mar”, afirmou.

“Entre meu namorado e minhas namoradas, eu tinha tempo para ler. Não tinha telefone em Paraty.”
O escritor homenageou a cidade histórica em seus dois veleiros que circundaram o mundo, batizados Paratii e Paratii 2 (precisou acrescentar um “i” a mais porque não podia registrá-los com o mesmo nome da cidade).

Klink exaltou por diversas vezes a cultura de povos caiçaras e contou uma anedota, sobre como um professor da USP ficou impressionado com a sabedoria de moradores do litoral sul de São Paulo.
“Precisamos fazer alguma coisa para ajudar essa gente miserável. Temos que pegar esses jovens e levar para a USP aprender engenharia naval”, teria lhe dito o professor. “Quando ele falou aquilo, falei ‘Não, não, é tudo o que a gente não pode fazer.

Temos que fazer o contrário. Temos que pegar as antas que dão aula na universidade e levar para aprender lá'”, disse, sob forte aplauso do público.
Na sessão de leituras, que teve o tema “Viagens e seus deslocamentos”, Klink leu um trecho de “A Lua vem da Ásia”, de Campos de Carvalho.

Jarid Arraes decidiu homenagear Carolina Maria de Jesus, com um trecho de “Diário de Bitita” que narra a chegada da escritora em São Paulo.
O angolano Kalaf Epalanga traduziu ele próprio um trecho do livro “Señales que precederán al fin del mundo”, do mexicano Yuri Herrera, sem publicação portuguesa.

A editora inglesa Liz Calder leu o poema “Questions of Travel”, da americana Elizabeth Bishop, que morou no Rio de Janeiro.

A conferência previa originalmente a presença da argentina Mariana Enriquez, que não conseguiu ir. Enriquez participou de mesa pela manhã e, como de praxe, recebeu fãs para autografar sua obra, ao fim de sua fala. Mas a fila foi tão longa que ela não pôde fazer parte do encerramento, que começou às 12h45.

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