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Bombeiros da Bahia têm a primeira mulher tenente-coronel em 124 anos

"A mulher pode e é capaz de fazer bem qualquer coisa a qual ela se propuser", afirmou Ana Fausta Araújo, de 48 anos


Por Folhapress Publicado 21/07/2019
Comandante do GMAR, grupamento especializado em salvamento aquático e mergulho, tenente-coronel supervisiona bombeiros na praia de Itapuã, em Salvador – Divulgação: Corpo de Bombeiros da Bahia

Aos 48 anos, Ana Fausta Araújo é a primeira mulher alçada à patente de tenente-coronel nos 124 anos de história do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBMBA), instituição criada oficialmente no estado em 1894.

Na corporação, a trajetória de Fausta é marcada, ainda, por outros pioneirismos, como ser a primeira mulher a comandar um grupamento do Corpo de Bombeiros.

À frente do GMAR, grupo especializado em salvamento aquático e mergulho, ela lidera 122 pessoas -sendo apenas 11 delas mulheres.

Também fez parte da primeira turma de mulheres da Polícia Militar da Bahia, em 1990. Seis anos depois, pediu para fazer parte do Corpo de Bombeiros, que era subordinado à PM até 2014.

À época, era apenas uma estudante de 18 anos, recém-formada do curso de instrumentação da antiga Escola Técnica da Bahia, em busca de colocação no mercado de trabalho, quando fez e passou na prova do concurso da PM.

“O país passava por uma crise. Ninguém contratava. Até que minha mãe avisou sobre o concurso”, afirmou ela, que não tinha policiais na família.

“Eu não sabia nada, nenhuma patente. Para mim, era tudo polícia”, disse, aos risos.

Com a chegada da turma de mulheres em um universo predominantemente masculino, as reações foram diversas, desde o acolhimento aos comentários machistas de que “lugar de mulher era na cozinha”, declara ela.

Na mesma turma, também entraram outras duas mulheres, hoje, destaques na polícia baiana: a major Denice Santiago, comandante da Ronda Maria da Penha, criada em 2015, e a major Cleide Milanese, comandante da 12ª Companhia de Polícia Militar, primeira no posto.

A estabilidade profissional não a deixou acomodada. Formou-se bacharel em urbanismo e ciências contábeis e fez pós-graduação em gestão pública municipal pela Universidade do Estado da Bahia. Ela também estudou gestão em segurança pública pela Universidade Federal da Bahia e fez pós-graduação em segurança pública pela própria PM.

Além dos comandados no grupamento, sob o guarda-chuva de Ana Fausta está o projeto Anjinhos da Praia, criado em 2016, que atende três turmas de 40 alunos, com crianças de 7 aos 13 anos.

Inspirado no Projeto Golfinhos, desenvolvido por corpos de bombeiros em outros estados, na Bahia, recebeu a palavra “anjinhos” em homenagem à religiosidade do povo baiano, mas também da própria militar, explica.

“Por cinco dias, aprendem lições de cidadania, sobre os cuidados na água, sinalização, primeiros socorros, além de abordarmos outros temas importantes e atuais, como bullying e prevenção às drogas”, conta a tenente-coronel.

Desde a nomeação publicada no Diário Oficial no sábado (13), mas divulgada quarta (17), o telefone da comandante “não para de tocar”, com ligações de familiares e amigos felizes pela promoção.

Além da vida profissional, em casa, é mãe de uma jovem de 19 anos e responsável pelo irmão de 44 anos, com síndrome de Down.

“A mulher pode e é capaz de fazer bem qualquer coisa a qual ela se propuser”.

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