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Audiência de telejornalismo explode durante crise do novo coronavírus

Vários canais pagos restritos a pacotes mais caros abriram seus sinais para apoiar a campanha que pede ao público para ficar em casa


Por Folhapress Publicado 20/03/2020

O número de televisores ligados aumentou com mais gente em casa devido aos alertas contra a expansão do novo coronavírus. Mas um primeiro estudo do Kantar Ibope, que mede o público da TV no Brasil, mostra mais do que isso –em tempos de quarentena, os telejornais viraram campeões de audiência.

O documento ao qual a reportagem teve acesso destaca três pontos –a audiência vem crescendo dia após dia; há um aumento de consumo por jovens e crianças e há um investimento em filmes, realities e jornalismo, o que mais tem rendido audiência às emissoras, abastecendo também os canais de notícias.

Vários canais pagos restritos a pacotes mais caros abriram seus sinais para apoiar a campanha que pede ao público para ficar em casa.

O Globoplay também abriu a não assinantes títulos até então acessados só por quem paga para ver a plataforma.

Enquanto isso, nesta quinta, a Record trocou a série “Casos de Justiça” por uma edição especial sobre o vírus, assunto também programado para o Fala Brasil deste sábado, das 7h às 12h. E até a Globo Internacional anunciou mudanças na grade, ampliando a informação sobre a Covid-19 para brasileiros que moram no exterior, de acordo com o sinal do canal em cada continente.

O Jornal Nacional, noticiário mais visto do país, com edições quase monotemáticas sobre a Covid-19, marcou 37 pontos na Grande São Paulo, onde cada um deles equivale a 203 mil pessoas, no saldo entre a segunda e quarta desta semana.

É sua maior soma em nove anos na região, desde janeiro de 2011. No Rio de Janeiro, onde cada ponto corresponde a 121 mil pessoas, a média do noticiário nos três dias foi de 38 pontos, recorde dos últimos oito anos, desde julho de 2012.

Na média do dia, entre 7h e 0h, a TV Cultura, com programação infantil e de informação, foi a que mais cresceu em termos percentuais na Grande São Paulo, indo de um ponto –média do mês de março até o dia 13 – até 1,7 na quarta, com 40% de crescimento entre um período e outro.

Tomando os mesmos parâmetros, a Globo cresceu 21%, somando 19,8 pontos de média nesta semana, ante 16,3 pontos registrados entre 2 e 13 de março. Já a Band, também na TV aberta, teve 8% de crescimento, enquanto todos os canais da TV paga aparecem com 12% de progresso.

Embora a Record tenha tido aumento de audiência nos telejornais, não se registrou, nos últimos dias, crescimento na média diária. Gazeta e RedeTV! também zeraram. O SBT, rede que menos mexeu na programação em função do vírus, teve 7% de crescimento entre um período e outro.

Nesse contexto, o crescimento da GloboNews, canal de jornalismo de maior audiência entre os pagos do segmento, evidencia a valorização da informação produzida por fontes profissionais.

Em razão do gigantesco volume de mensagens que circulam no WhatsApp sobre o coronavírus, boa parte disso com dados e dicas contraditórias, há uma busca por fontes críveis, o que também alimentou as audiências da Bandnews, Record News e de portais de notícias na internet.

Lançada nesta semana, a CNN Brasil não tem dados anteriores que possam mensurar a dimensão do assunto na sua audiência.

Desde domingo, a GloboNews assumiu a liderança isolada no ranking de TV por assinatura do Painel Nacional de TV, o PNT, que mede a audiência das 15 maiores regiões metropolitanas do país e onde cada ponto equivale a 703 mil pessoas. Na média total do ano passado, o canal se dava por feliz com o sétimo lugar, empatado com o Discovery.

Na última terça, dia 17 de março, a GloboNews fez a maior audiência desde o mesmo mês do ano passado, com 19 horas e meia de programação ao vivo, quase toda tomada por informações sobre o novo coronavírus. Calculando que quase 3 milhões de telespectadores tenham passado pelo canal, segundo dados da própria emissora, seu crescimento foi de 94% em relação à média das terças-feiras neste ano.

Todos os telejornais do canal apresentam crescimento expressivo na comparação com a média do ano, alguns chegando ao dobro da audiência média do ano de 2020.

Na TV aberta, o jornalismo da Globo também registra grande avanço nos números. No dia 17, a emissora teve sua maior audiência ao longo do dia todo, das 7h à 0h, com 20 pontos de média –patamar que dá 18% de crescimento em relação ao ano e ao seu maior placar desde julho de 2018, em dias de Copa do Mundo.

Na terça-feira, o Bom Dia Brasil fez 12 pontos no PNT e o Jornal Hoje, 17, um crescimento acima de 30%.

A Band, que abriu horas extras na programação desde o dia 16, plano que já estava previsto havia mais de um mês, intensificou seu volume de informações no momento oportuno. O Primeiro Jornal, que entra no ar às 3h45, obteve 0,4 ponto, o que, para a emissora, representa o dobro da média anterior no horário, até as 5h.

O Bora Brasil, também na nova grade matutina da emissora, rendeu 71% de crescimento à faixa, com média de 1,2 ponto e dois pontos de pico. À noite, o Jornal da Band marcou 5,1 pontos esta semana, indicando 19% de crescimento.

O interesse do público sobre o assunto tem alimentado também os programas de entretenimento na Globo, na Record e na RedeTV!. No SBT, o tema se restringe mesmo aos telejornais ou ao “Fofocalizando”, quando aparecem artistas com suspeitas de terem contraído a Covid-19 .

Já a Globo derrubou o “Mais Você”, o “Encontro com Fátima Bernardes” e o “Se Joga” para abraçar a cobertura sobre o assunto no Brasil e no mundo.

Pela primeira vez desde que o substituto do “Vídeo Show” foi lançado, a emissora tem batido constantemente o quadro de fofocas da Record, a “Hora da Venenosa”. Com o dobro da audiência antes registrada pelo show de Fernanda Gentil, essa faixa horária na Globo saltou de oito pontos na Grande São Paulo para mais de 15.

O Combate ao Coronavírus, que tomou o espaço de Fátima Bernardes, ultrapassa dez pontos, audiência superior ao ocupante original do horário.

Com home office e aulas presenciais suspensas, a família volta a se encontrar em torno do televisor, um hábito que vinha se desgastando na era do streaming e das telas individuais. Essa inversão de tendência é pautada em especial pelo interesse pela informação sobre um momento absolutamente inédito.

O Kantar Ibope aponta que foi de 12% a participação de crianças de quatro a 11 anos no crescimento da audiência do início desta semana.

Assunto que interessa a todos, no mundo inteiro, o novo coronavírus se mostra inesgotável na demanda do público por informações.

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