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Clubes deixarão de faturar milhões com jogos sem torcida no Paulista

Retorno do campeonato não será suficiente para que os grandes clubes do estado tenham alívio na crise financeira que vivem


Por Folhapress Publicado 18/07/2020
Foto: Santos Futebol Clube

O retorno do Campeonato Paulista, a partir da próxima quarta (22), não será suficiente para que os grandes clubes do estado tenham alívio na crise financeira que vivem, agravada pelos quatro meses de paralisação do futebol.
Faltam duas rodadas da fase de grupos, antes do início das quartas de final. A decisão está marcada para 8 de agosto.

Com a proibição de público nos estádios, medida central da retomada do esporte na maior parte dos países para mitigar a transmissão do novo coronavírus, Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos deixarão de arrecadar milhões que poderiam obter com venda de ingressos na reta final da competição.

Nas edições de 2018 e 2019, os quatro chegaram às semifinais. Em 2017, apenas o Santos parou antes, nas quartas.

Campeão dos três últimos torneios, o Corinthians foi quem mais faturou nos jogos de mata-mata. Com a venda de 326.675 ingressos, arrecadou R$ 17,3 milhões –nove partidas como mandante na soma das edições de 2017, 2018 e 2019 (média de R$ 5,8 milhões por ano).

Somente no torneio do ano passado, o clube alvinegro recebeu R$ R$ 6,2 milhões de bilheteria: R$ 710 mil contra a Ferroviária (quartas de final), R$ 1,8 milhão contra o Santos (semifinal) e R$ 3,7 milhões na decisão do título diante do rival São Paulo, em sua arena.

O levantamento considera somente a arrecadação líquida, descrita no boletim financeiro da Federação Paulista de Futebol (FPF), com os descontos de impostos e taxas.

Em 2020, o torneio passou a ter jogo único nas quartas e semis. Apenas a final contará com ida e volta. É possível, porém, que o Corinthians nem possa lamentar a falta de arrecadação no mata-mata, já que suas chances de avançar para essa fase são pequenas.

Ainda assim, o clássico em Itaquera contra o rival alviverde também representará uma perda de oportunidade considerável para arrecadação. Em grave crise financeira, com déficit de R$ 177 milhões em 2019, o clube destina o valor da venda de ingressos para quitar o empréstimo feito junto à Caixa Econômica para construção do estádio. Por contrato, o clube tem de pagar R$ 5,7 milhões por mês.

Em setembro de 2019, o banco recorreu à Justiça para cobrar uma dívida de R$ 536 milhões. O clube, por sua vez, afirma que o débito é de R$ 470 milhões. As partes tentam um acordo amigável.

Procurado pela reportagem, o presidente Andrés Sanchez diz que a volta do torcedor deverá ser aceitável somente com a descoberta de uma vacina. Ele lamenta o cenário provocado pela pandemia, já que, com o dinheiro do Paulista, conseguiria ao menos diluir o saldo devedor com a Caixa.

A bilheteria rendeu o mesmo valor para Palmeiras e São Paulo (R$ 9,8 milhões) na soma das últimas três participações das equipes no mata-mata estadual (sete partidas como mandante para cada).

O departamento financeiro do Palmeiras previa que, com a presença de torcedores no Allianz, o time conseguiria um lucro líquido de R$ 7,5 milhões em caso de ida à final.

“A venda de ingressos seria um dinheiro fundamental, ainda mais agora, em uma crise como essa”, afirma Elias Barquete Albarello, diretor executivo de finanças do São Paulo. “A única perspectiva de uma nova receita [fora contratos já firmados com patrocinadores e TV] hoje é a venda de jogadores.”

O São Paulo também vem de prejuízos na temporada passada. Apresentou déficit de R$ 156 milhões em 2019. Derrotado pelo Corinthians na decisão do ano passado, o time tricolor obteve uma renda de R$ 5,2 milhões no primeiro jogo da final. Na ocasião, foram comercializadas 58.713 entradas no Morumbi.

Dirigentes dos grandes paulistas estimam que o prejuízo possa chegar a R$ 150 milhões, contabilizando bilheterias perdidas também da Libertadores e do Brasileiro, premiações, patrocinadores e contratos de televisão.

A FPF também terá queda de rendimentos. Nos mata-matas das três últimas edições, a entidade embolsou R$ 3,2 milhões com a taxa de 5% sobre o faturamento bruto. E mais R$ 1,2 milhão com a cobrança do Fundo de Promoção e Desenvolvimento do Futebol –recolhe 2% da renda de Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo, quando mandantes, e 1% dos demais times.

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