Usamos cookies e outras tecnologias para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Mulheres relatam histórias de preconceito ao jogarem futebol nas ruas


Por Nani Camargo Publicado 08/06/2019

No país do futebol, encontrar mulheres jogando bola nas ruas não é algo tão comum como se espera. A prática ainda é pouco valorizada e amplamente associada ao universo masculino. O cenário vem mudando ao longo do tempo, embora ainda sejam muitos os relatos de brasileiras que contam que, para jogar futebol, sempre tiveram que estar entre homens.

“Tenho 47 anos. Quando jogava bola, minha mãe voltava do serviço e me via jogando com os moleques. Ela ficava de cara feia, mas, mesmo assim, eu sempre joguei com o pessoal. Já joguei futebol, basquete, já fui federada em vôlei – já que não podia jogar futebol. Nem basquete direito eu podia jogar porque o pessoal já tinha preconceito”, contou a consultora de vendas Marcia Vieira.

A bancária Bruna Garcia, 29 anos, também começou a jogar futebol quando criança. “Comecei quando tinha 6 ou 7 anos. Ia pra casa da minha avó e meu primo fazia bolinha com meia. A gente ficava jogando na sala. Na minha infância, eu sempre joguei na rua. No colégio em que estudei, fazia treino junto com os meninos. Jogo no videogame também. E não parei. Sempre gostei”, contou. “Os meninos me chamavam de moleque porque eu jogava futebol e era a única menina no meio deles. Mas eu nunca dei ouvido a isso”.

Essa ausência de um time de mulheres jogando nas ruas também é uma lembrança comum entre os homens. “Pelo menos na minha infância, eu não lembro de ter um time só de meninas. Mas sempre tinha uma [menina jogando] no time [de meninos]. Não tinha com quem ela jogar e ela acabava jogando com os homens”, relembrou Marcos Vinicius Tonet Marcolin, 30 anos, advogado que dá aulas de futebol na escola Boleiras Futebol Feminino, em São Paulo.

Na capital paulista, um grupo de mulheres sai do trabalho e se reúne pra jogar futebol à noite. Algumas chegam a participar de campeonatos, como a designer Carolina Toledo, 29 anos. “É muito gostoso. O clima é bem amistoso. Todo mundo tem vontade de brincar um pouco aqui, descontrair. Tanto é que se formou um time, às quartas-feiras, para participar de campeonatos. Está sendo bem divertido. E é desafiador também. No campeonato, a gente tem que se desenvolver tecnicamente”, disse.

O cenário, apesar de ainda não ser considerado adequado, registra melhorias, na opinião delas. “Acho que, hoje, vai começar a abrir um pouco mais pra essas meninas mais novas poderem fazer carreira”, disse Marcia. “Teve muita luta aí, muita coisa antes disso. Outras jogadoras que abriram esse caminho pra essa seleção [feminina brasileira]. Hoje, está tendo maior visibilidade também”, falou.

Enquanto elas treinam e jogam em uma quadra em Pinheiros, Luiz Antonio de Souza, 38 anos, fica sentado na arquibancada observando. “Hoje eu vim prestigiar minha esposa que está jogando futebol. É o esporte predileto dela. Acho legal essa prática. É uma modalidade difícil, mas ela adora e eu venho prestigiar. Eu também jogo e ela me vê jogando. A gente faz essa troca. É gostoso ver ela dando os passes, fazendo os gols”, contou.

Torcida

A seleção feminina brasileira entrou em campo hoje contra a Jamaica pela Copa do Mundo da França e terá uma grande torcida aqui no Brasil. Em São Paulo, o mesmo grupo de mulheres que se reúne toda semana pra jogar futebol já declarou que vai acompanhar os jogos da seleção e torcer muito pelo título.

Agência Brasil
Foto: CBF

✅ Curtiu e quer receber mais notícias no seu celular? Clique aqui e siga o Canal eLimeira Notícias no WhatsApp.