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Time da 10ª divisão inglesa tem 14 brasileiros e promove integração

Nenhum outro clube britânico possui tantos jogadores brasileiros no elenco quanto Gillingham Town FC, que conta com 14 em um grupo de 23 atletas


Por Folhapress Publicado 20/02/2020
Foto: Divulgação/Gillingham Town FC

Quase ninguém no Brasil conhece o Gillingham Town FC. Por que conheceria? O clube do município de mesmo nome (105 mil habitantes) no condado de Kent, no sudeste da Inglaterra, disputa a 3ª divisão Central e Leste da Associação de Kent.

Fica mais fácil dizer que esse é o décimo patamar do futebol inglês -são considerados profissionais os campeonatos da quinta divisão até a Premier League.

Por outro lado, nenhum outro clube britânico possui tantos jogadores brasileiros no elenco quanto Gillingham Town FC: 14 em um grupo de 23 atletas. Não há limite para estrangeiros nesse nível.

“Não se fala em outra coisa na cidade que não seja essa conexão brasileira. Até eles chegarem, nós não tínhamos jogadores. A situação era bem difícil”, afirma Paul Pickford, secretário do Gillingham Town. Essa não é a denominação mais adequada. Ele é o faz-tudo da equipe criada em 2010, para oferecer esporte aos hóspedes de um hostel destinado a pessoas sem-teto.

A chegada em massa de brasileiros é responsabilidade de um dos jogadores do clube, Alex Bernardi. Ele mora na Inglaterra desde os 12 anos e se mudou para a cidade em 2016.

Sócio do ex-atacante brasileiro naturalizado croata Eduardo da Silva, 36, em uma empresa de produtos biodegradáveis, ele começou a convidar seus amigos que estavam sem time para irem a Gillingham. Cerca de 50 minutos de trem a separa de Londres.

O nome de um dos jogadores é conhecido. Gilberto Silva Júnior, filho de Gilberto Silva, campeão mundial em 2002 com a seleção brasileira e inglês pelo Arsenal, é um dos que fazem o percurso entre as duas cidades para treinar e jogar.

“São jogadores jovens que vieram para o Reino Unido tentar a vida, mas sem conhecerem muita gente. Sem suporte é difícil aprender a língua e o estilo de jogo. Há muito mais gente na Inglaterra na mesma situação”, afirma Bernardi.

Ele sabe porque já ajudou outros atletas brasileiros. Auxiliava em questões cotidianas que eles não conseguiam resolver, como conversar com o gerente do banco, por exemplo. Foi assim que fez amizades com Eduardo e outros nomes do futebol do Brasil, como o volante Denilson, revelado no São Paulo e que também teve passagem pelo Arsenal.

A empresa de Eduardo da Silva e Alex virou investidora no clube. Ajudou a reformar o gramado do Central Park Stadium, que tem uma pista externa usada para corridas de cachorros, mandou fazer novos uniformes -com a bandeira do Brasil em um dos ombros- e pagou por materiais esportivos.

“Nossa intenção foi criar uma equipe com mistura de ingleses e brasileiros. É para ajudar a comunidade brasileira que vem para Londres e não tem nenhum lazer”, completa Bernardi.

É uma mudança e tanto para Paul Pickford, que costumava bater de porta em porta e pedir para a comunidade ajudar o clube que tem também o Gillingham FC, time profissional que hoje em dia disputa a terceira divisão inglesa. Ele afirma assistir aos treinos e ficar maravilhado com os toques rápidos e a velocidade dos novos jogadores.

“Os brasileiros interagem bem com as pessoas que moram na cidade. Recebemos vários emails de congratulações pelo trabalho realizado no clube. Mas acho que podemos crescer ainda mais a partir daí, melhorar também nosso estádio. Há muito o que fazer”, diz o secretário, para quem o título de ser o time mais brasileiro da Inglaterra significa “uma honra”.

Os resultados por enquanto não correspondem. Em uma liga de dez equipes, o Gillingham Town está em nono, com nove pontos após 12 rodadas. Mas tem três partidas a menos em relação aos concorrentes. Bernardi e Pickford afirmam que o time vai atingir o objetivo traçado antes do início da temporada: conseguir uma posição intermediária.

Após começar com duas vitórias nos primeiros três jogos, o clube perdeu jogadores que tiveram de voltar para o Brasil e foram substituídos por outros.
“Alguns já tinham planos de retornar, mas outros tiveram de viajar por emergências. É um time novo que está se entrosando durante a competição.

Depois de conseguir o acesso na temporada passada, se ficarmos agora no meio da tabela está bom. É um trabalho para a comunidade mais do que pelos resultados”, diz Bernardi.

Ele usa o exemplo de Eduardo da Silva, que se mudou jovem para a Croácia e sofreu até aprender a língua e se integrar a futebol local. O atacante fez 64 jogos pela seleção, anotou 29 gols e disputou a Copa do Mundo de 2014, no Brasil.

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