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Em carta, São Paulo pediu terra a 435 cidades para construir Morumbi

De outubro de 1953 a dezembro de 1955, cartas datilografadas saíram da sala da presidência do São Paulo para agências dos Correios


Por Folhapress Publicado 25/09/2019
Acervo São Paulo Futebol Clube

De outubro de 1953 a dezembro de 1955, 435 cartas datilografadas saíram da sala da presidência do São Paulo para agências dos Correios. Todas estavam assinadas pelo presidente Cícero Pompeu de Toledo. Foram endereçadas aos prefeitos de cada um dos municípios então existentes no estado (hoje são 645) em uma época em que o São Paulo iniciava a construção do estádio do Morumbi, que completará 59 anos em 2 de outubro. Foi a primeira ação de marketing da história do clube.

Nesta quarta-feira (25), o São Paulo joga no estádio contra o Goiás, às 21h30, pelo Campeonato Brasileiro. “Solicitamos a V.Excia a gentileza de remeter-nos um quilo de terra, retirada dos terrenos desse município () A terra, ora solicitada, seja espalhada nas bases de grandioso monumento que ali será erguido em homenagem à cidade de São Paulo”, diz o texto de uma das cartas, enviada em 21 de outubro de 1953 ao prefeito de Limeira (145 km de São Paulo), Virgílio Ometto.
O documento original foi apresentado no conselho deliberativo do São Paulo pelo conselheiro José Roberto Ópice Blum. Segundo Michael Serra, historiador do São Paulo, todos os municípios atenderam ao pedido.

A intenção de Pompeu de Toledo, que anos depois daria o nome ao estádio, era usar as doações para simbolizar o Morumbi como local de todos os paulistas. “É nossa intenção, no momento em que as obras já se desenvolvem, fazer com que os alicerces do estádio repousem em solo genuína e totalmente paulista”, escreveu o presidente são-paulino.

A ideia era que o Morumbi se transformasse no principal espaço para jogos do estado. Foi o que aconteceu a partir de 1969, quando o Campeonato Paulista abriu mão do sistema de pontos corridos pela primeira vez e passou a ser decidido no mata-mata, até 2008. Foi quando Andrés Sanchez, recém-eleito presidente do Corinthians, começou a boicotar o local por causa das taxas cobradas pelo São Paulo e preferiu mandar as partidas da equipe no Pacaembu.

Hoje em dia, nenhum outro grande do estado manda seus jogos no Morumbi. O Corinthians tem a sua arena, e o Palmeiras construiu o Allianz Parque. Mesmo o Santos, quando quer mandar os jogos na capital, usa o Pacaembu. A última vez que o estádio do São Paulo teve uma decisão de título paulista foi em 2012, quando o Santos foi campeão em cima do Guarani.
“Os pacotes de terra enviados pelas 435 cidades de São Paulo foram usados para o plantio de um jequitibá, árvore símbolo do estado. Diria que este ato simbolizou o sonho do são-paulino: que seu estádio fosse algo grandioso, duradouro e que abraçasse todo o povo paulista”, explica Michael Serra.

O evento aconteceu em 25 de janeiro de 1956. Um dia antes, o conselho deliberativo do clube havia decidido que o autor das cartas, Cícero Pompeu de Toledo, batizaria o estádio, que seria inaugurado apenas quase quatro anos mais tarde.

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